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domingo, 22 de abril de 2018

Curitiba é a Fazenda do Itu de Lula


itu
Na noite de onte se completaram duas semanas desde a prisão de Lula.
Até agora,além de seus advogados, de uma visita dos filhos e do “pé na porta” da comissão de senadores que não tinha como ser vetada, o ex-presidente está, com tudo o que chamam de luxo – uma televisão e um vaso sanitário – numa prisão virtualmente solitária.
Apenas lá dentro está  só, porém.
Pois de dentro de uma cela, Lula continua a ser o assunto político mais importante do país.
Pouca atenção, fora das redações de jornais e tevês, se dá às pesquisas que excluem seu nome da disputa.
E assim acontece porque se sabe que, direta ou indiretamente, ele está na disputa.
Tanto que o conservadorismo ainda bate cabeça tentando fazer de Joaquim Barbosa seu novo Luciano Huck: um candidato sem propostas, sem idéias para o país e sem história política, exceto a que fez ao politizar o Supremo Tribunal Federal.
Têm dúvidas sobre o que o temperamento arrogante e grosseiro do ex-ministro lhes possa aprontar numa campanha com sua arrogância e antipatia no trato pessoal. E temem que sua disputa com Jair Bolsonaro se torne um duelo de coices.
E Lula lá, quieto, esperando a hora de falar, porque a sua fala não será uma proposta, mas um comando para milhões de brasileiros.
Nas suas decisões, vai pesar menos sua simpatia pessoal que a orientação que cada candidato irá assumir, como Getúlio Vargas superou suas mágoas com Eurico Gaspar Dutra , a quem considerava “um homem primário, instintivo, desconfiado, desleal, com ambições superiores ao seu merecimento” e, pouco mais  de um mes depois, às vésperas das eleições, diante do perigo da vitória dos americanófilos de Eduardo Gomes, escreveu uma pequena carta pedindo que os trabalhadores lhe dessem o voto, no episódio que ficou conhecido como “ele disse”.
Estamos, é óbvio, num país onde a informação anda muito mais rápido e muito mais amplamente do que o Brasil de 1945/46.
Lula sabe que  estão se devorando. Barbosa surge como uma ameaça de morte irreversível para Geraldo Alckmin, já roído por Aécio Neves e por João Doria Júnior.
E que ele, onde está, faz bater no vazio o discurso de ódio que serviu para levá-lo à solitária onde Moro e a juízaque acha que as Regras de Mandela “não vêm ao caso” em Curitiba.
Curitiba é a Fazenda do Itu de Lula, o exílio, o martírio e a sublimação de quem voltará apenas porque “por vocês valeu a pena nascer e por vocês valerá a pena morrer”.
 Madalena França via Fernando Brito do Tijolaço.

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