Desde sempre ferrenho defensor de uma reforma dura na Previdência Social, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, admite hoje, em longa entrevista ao Valor, que alguns dos “bodes” – medidas que se propõem sabendo-se de sua inviabilidade, para “ceder” na negociação – podem ter contaminado o pacote proposto por Jair Bolsonaro na opinião pública:
O mundo mudou muito. As informações demoravam a chegar. Quando você colocava um bode na sala, tinha tempo de tirar antes de contaminar a sociedade. A comunicação agora está tão rápida que às vezes, por mais que você tire [o bode] depois, não consegue mais reorganizar a votação.
Ele se refere especificamente à redução do Benefício de Prestação Continuada para idosos, que passaria a menos de meio salário mínimo para quem estivesse abaixo dos 70 anos – e a aposentadoria rural. Há outros, mas estes são, de fato, os evidentemente mais mal-cheirosos.
Assim como fala que , sem a proposta de mudanças para miitares a PEC da Previdência nem começa a andar.
Só que Rodrigo mais – certamente para lançar a responsabilidade da questão sobre o bolsonarismo – ao qual se alia, pero no mucho – que que o Presidente mobilize suas tropas cibernéticas para pressionar em favor da aprovação da reforma:
A guerrilha está no celular, nas redes sociais e o que estou vendo até agora, alertei o Rogério Marinho, é que ou o governo ou partido do presidente têm que organizar o enfrentamento(…)O coordenador de um grupo de WhatsApp em que me colocaram na época da campanha é um coronel bolsonarista que está há três dias sem tratar do assunto. Falei para o [Secretário de Previdência de Paulo Guedes, Rogério] Marinho: ou vocês vão dar argumentos para esse cara defender a reforma ou o risco de o tema estar contaminado em 30, 40 dias não é pequeno. (…) O governo deveria dar discurso aos seus apoiadores, que estão meio silenciosos nas redes. Pessoal não está conseguindo responder aos vídeos de quando Bolsonaro era contra idade mínima aos 65 anos e agora é a favor. Ele tem que ir para as redes, pela capacidade de comunicação simples e objetiva que tem, para rebater isso.”
Traduzindo o politiquês: nem ele nem os deputados vão segurar a rebordosa de impopularidade sem que Bolsonaro e seus minions ponham a cara a tapa. E, pelo que se lê nas redes sociais, está bem difícil conseguir unidade nas falanges do “Mito”, em boa parte composta por segmentos da classe média atingidos em cheio pelo aumento do tempo de contribuição e de idade.
Pelo perfil, apoio majoritário entre eles só entre os aposentados que já “garantiram o seu” e estão se lixando para os mais novos. Aliás, foi o mesmo com Temer, quando eles foram envenenados com a ameaça de que, sem reforma, perderiam os proventos que já têm.
Maia, que antes se expunha até com a história do “todo mundo pode trabalhar até 80 anos, está mais prudente e diz que o governo “já está perdendo a batalha da comunicação”. Não se vislumbra possibilidade de que os parlamentares queira ir paraa linha de frente com a guerra nesta situação.
(Tijolaço)
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