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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Desalinhado com o Congresso Nacional:Bolsonaro veta alteração na lei que blindaria órgãos de cortes no Orçamento.


Postado por Madalena França
Bolsonaro veta alteração na lei que blindaria órgãos de cortes no Orçamento.
Presidente Jair Bolsonaro. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Do Estadão Contúdo

O presidente Jair Bolsonaro decidiu vetar uma medida do Congresso Nacional que ampliava o número de órgãos blindados de qualquer tesourada no Orçamento em caso de frustração de receitas. O dispositivo aprovado pelos parlamentares aumentaria a rigidez dos gastos federais e poderia até mesmo dificultar o cumprimento da meta fiscal, justificou o governo.
Bolsonaro ainda vetou trecho que equiparava as emendas feitas pelo relator e pelas comissões no Orçamento às emendas individuais dos parlamentares e de bancada, que são obrigatórias e têm prazo para serem empenhadas (isto é, para que o governo cumpra a primeira fase do gasto e assegure o compromisso de despesa). Os vetos foram pedidos pelo Ministério da Economia e pela Secretaria-Geral da Presidência da República.
Pela proposta do Congresso, ficariam livres de cortes os recursos para pesquisa agropecuária, para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, além de despesas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Fiocruz, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quando há frustração na arrecadação, a lei exige que a equipe econômica faça um corte nas despesas para evitar o descumprimento da meta fiscal (diferença entre receitas e gastos que o governo precisa perseguir no ano). Os chamados contingenciamentos não podem ser feitos sobre despesas obrigatórias, como salários de servidores e benefícios sociais e previdenciários. Por isso, a tesourada recai sobre os gastos do dia a dia dos ministérios e sobre os investimentos.
Nos últimos anos, por exemplo, o IBGE precisou enxugar a sua principal pesquisa – o Censo Demográfico – para conseguir levá-lo a campo diante da falta de recursos. Outros órgãos também têm sofrido com a restrição orçamentária.
Na prática, o que o Congresso tentou fazer foi tornar obrigatórios os gastos com determinados órgãos e tipos de emendas, ou seja, o governo não poderia deixar de executá-los. A medida contraria a diretriz do ministro da Economia, Paulo Guedes, que é de retirar os “carimbos” do Orçamento que, justamente, tornam certas despesas obrigatórias e dificultam a gestão dos gastos.
“A inclusão contribui para a elevação da rigidez do orçamento, dificultando não apenas o cumprimento da meta fiscal como a observância do Novo Regime Fiscal, estabelecido pela EC nº 95/2016 (teto de gastos), e da Regra de Ouro, constante do inciso III, do art. 167 da Constituição Federal”, diz a justificativa do veto.
“Ressalta-se que o não cumprimento dessas regras fiscais, ou mesmo a mera existência de risco de não cumprimento, poderia provocar insegurança jurídica e impactos econômicos adversos para o País, tais como elevação de taxas de juros, inibição de investimentos externos e elevação do endividamento”, acrescenta.
No caso do veto sobre as emendas de relator e de comissões, o governo justificou que “o dispositivo proposto é contrário ao interesse público, pois é incompatível com a complexidade operacional”.
Os vetos ainda podem ser derrubado pelo Congresso Nacional em sessão conjunta no próximo ano.

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