Madalena França via Manuel Mariano
(Foto 1: Ricardo Stuckert - Foto 2: Marcos Corrêa/PR)
Via Rede Brasil Atual - O Brasil está diante de uma crise sanitária e econômica, sem uma política de combate ao coronavírus e com um presidente enrolado em crimes de responsabilidade. Para o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o país “vive um drama” e qualquer solução para sair desse drama passa por uma movimento da sociedade pelo “fora Bolsonaro”. Segundo Haddad, o presidente Jair Bolsonaro não demonstra sensibilidade com a situação crítica e com as mortes que estão ocorrendo no país. “Só se preocupa com seus filhos delinquentes.”
Após as diversas denúncias contra Bolsonaro, como a interferência política na Polícia Federal, Haddad acredita que a população está começando a conhecer a verdadeira faceta do presidente. “Temos um problema nacional muito grave. As pessoas precisam compreender a gravidade desse momento.”
“Ele é uma das pessoas mais desqualificadas que eu conheci. Nunca vi alguém com tão baixo nível quanto ele. É um drama muito grave, estamos com quase mil mortes ao dia e ele continua fazendo pouco caso. Ele só se preocupa com sua família de delinquentes, que precisa ser protegida por ele. As pessoas precisam entender que estamos vivendo um drama nacional profundo e o fora Bolsonaro é a salvação do país”, afirmou o ex-prefeito em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Segundo Haddad, Bolsonaro formou a pior equipe ministerial da história da República, por isso jamais terá capacidade para gerir uma crise. “Pega só essas duas áreas, saúde e educação. Olhem o que está acontecendo. É horroroso. Enquanto um não tem empatia com o aluno da escola pública, o outro não é consultado pelo presidente sobre decretos assinados. O país está numa crise medonha e tem um incapaz na presidência.”
Impeachment
O ex-ministro da Educação acredita que o impeachment de Bolsonaro tem forte base legal, já que o presidente comete crimes continuados. Haddad lembra das participações de Bolsonaro em manifestações inconstitucionais em prol de uma intervenção militar, contra o Supremo Tribunal Federal e o contra o Congresso Nacional.
Haddad observou que as recentes manifestações em Brasília, com pessoas que admitem estar armadas, são um atentado à democracia. “Não querem liberdade, mas a opressão de quem pensa diferente. A intolerância a gente sabe como começa, mas não como termina”, disse o ex-presidenciável petista, para quem as instituições da República não reagem à altura da gravidade da situação. “Bolsonaro sabota a democracia todos os dias. O Carlos, filho dele, insufla milícias virtuais contra a República. Mas as instituições reagem timidamente”, disse.
Desde que se viu ameaçado, Bolsonaro começou a negociar com militares e com uma ala do Congresso Nacional. “Ele começou a entregar cargos práticos para o centrão. Está alocando a turma do Roberto Jefferson (preso por corrupção passiva) onde tem verba pública. O Roberto Jefferson é quem articula a resistência bolsonarista, é um absurdo”, acrescentou.
Internacional progressista
Está previsto para este ano o lançamento de uma articulação Internacional Progressista, movimento com mais de 40 políticos e intelectuais de todos os continentes. Fernando Haddad é um dos articuladores do projeto, que busca promover a união, coordenação e movimentação de ativistas, associações, sindicatos e movimentos sociais. Além do ex-prefeito, há figuras na linha frente como os ativistas Noam Chomsky e Naomi Klein, o economista Yanis Varoufakis e a primeira-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir.
“Depois da eleição – que não ganhamos por causa das fake news –, acumulamos um capital político. A partir disso, fiz viagens internacionais e conheci grupos antifascistas. Viajei pelo mundo, conheci líderes europeus e toda essa turma quer se opor ao fascismo que reina no mundo, do Donald Trump ao Viktor Orban (presidente da Hungria)”, explica Haddad.
Além de criar uma resistência, a Internacional Progressista busca defender a democracia, solidariedade e as igualdades de gênero e raciais, explica o ex-prefeito. Mas também construir projetos de desenvolvimento para superar a atual ordem global decorrente da financeirização da economia.
Haddad atribui ao ultraliberalismo a ascensão do fascismo no mundo. Ele observa que Bolsonaro e seus filhos só se relacionam com países de orientação autoritária que promovem a intolerância. E atribui a onda de extrema-direita que hoje preocupa o mundo à forma como a crise financeira global de 2008 foi enfrentada, quando os mercados impuseram sacrifícios aos Estados nacionais, que passaram a bloquear políticas sociais.
“Precisamos nos opor a eles, porque eles são um movimento internacional fascista. Além de frear esses fascismo, queremos propor pautas que passam pela questão social, da mulher, do meio ambiente e também os problemas raciais. Todas as intolerâncias possíveis estão nas mãos desses governantes, que são medievais na maneira de enxergar o mundo”, afirma.
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