Correio BrazilienseFoto: Fernando Frazão/Agência Brasil
A defesa do ex-presidente Lula enviou nesta quinta-feira (4/3) ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação com mais diálogos que teriam sido trocados entre integrantes da força-tarefa da Lava-Jato do Paraná. Nas mensagens, obtidas no âmbito da Operação Spoofing (que prendeu hackers suspeitos de invadir celulares de autoridades em 2019), os procuradores discutem formas de evitar a soltura de Lula, depois que o desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), determinou que o ex-mandatário fosse solto, em julho de 2018.O episódio em questão é conhecido como o “prende e solta” de Lula. Isso porque no mesmo dia, o ex-juiz Sergio Moro, que estava de férias, disse que o desembargador plantonista não poderia mandar soltar o ex-presidente, que estava detido desde abril daquele ano, dizendo que ele era "autoridade absolutamente incompetente para sobrepor-se à decisão do Colegiado da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região”.O relator do processo no TRF-4, Pedro Gebran Neto, suspendeu a decisão do colega plantonista. Em seguida, Favreto reafirmou a decisão pela soltura. A questão foi resolvida pelo então presidente do TRF-4, Thompson Flores, que manteve a prisão afirmando que o pedido de habeas corpus de Lula caberia ao desembargador João Pedro Gebran Neto.Acesso aos diálogosA defesa de Lula teve acesso às conversas após autorização do Supremo, e as análises foram enviadas ao ministro Ricardo Lewandowski no âmbito de uma reclamação. Os diálogos foram analisados pelo perito Cláudio Wagner, contratado pela defesa. Este é o nono relatório de análise preliminar enviado ao STF.Conforme documento, após tomar conhecido da decisão de Favreto, integrantes da força-tarefa passaram a trocar mensagem pelo aplicativo Telegram. As conversas seriam no sentido de articular uma forma de manter Lula preso, na busca de evitar que a Polícia Federal o soltasse enquanto aguardavam uma decisão que revertesse a de Favreto. "É preciso uma contraordem do Gebran ou Lens (Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz). Não adianta a gente falar. Pela aparência, Favretto pode cassar a decisão do Moro”, teria dito Deltan em um momento.Em outro, o procurador teria afirmado: “Falei com Valeixo agora. Seguem segurando. Estão em contato com o TRF tb”. As mensagens estão transcritas na reportagem tal como estão no documento enviado pela defesa de Lula. Conforme relatos, depois da segunda decisão de Favreto, reafirmando a soltura do ex-presidente, Dallagnol teria dito aos demais membros do Ministério Público Federal (MPF) presentes no grupo do aplicativo: “Vou ligar pra PF e pedir pra não cumprir”.Logo mais, o procurador falou sobre uma suposta orientação do relator Pedro Gebran. “Orientação do Gebran è que a PF solte se não vier decisão do presidente do TRF. Pedi pra PF segurar, mas predicávamos (precisávamos) deneto dessa 1h ter sinal positivo. Pq eu dizer e nada não muda muito qdo tem ordem judicial”, escreveu. O procurador fala em horário porque na decisão, Favreto dá uma hora para que Lula fosse solto.Em um momento, no decorrer da discussão sobre o que poderia ser feito, o procurador Januário Paludo teria comentado que já enfrentaram desembargadores corruptos antes, mas que a questão em foco parecia ser ideológica.Ainda na discussão, Dallagnol diz: “o problema é que Gebran disse pro Valeixo (Maurício Valeixo, então superintendente da PF no Paraná) cumprir a ordem do Favreto se não vier contraordem tempestiva do presidente”. Uma procuradora identificada como Jerusa, que seria Jerusa Viecili, então, diz: "Imprime e leva em mãos para o presidente". Dallagnol respondeu: "Ou driblamos isso ou vamos perder".Do Casinhas AgrestePostado por Madalena França
Correio Braziliense
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
A defesa do ex-presidente Lula enviou nesta quinta-feira (4/3) ao Supremo Tribunal Federal
(STF) uma manifestação com mais diálogos que teriam sido trocados entre integrantes da
força-tarefa da Lava-Jato do Paraná. Nas mensagens, obtidas no âmbito da Operação
Spoofing (que prendeu hackers suspeitos de invadir celulares de autoridades em 2019),
os procuradores discutem formas de evitar a soltura de Lula, depois que o desembargador
Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), determinou que o
ex-mandatário fosse solto, em julho de 2018.O episódio em questão é conhecido como o
“prende e solta” de Lula. Isso porque no mesmo dia, o ex-juiz Sergio Moro, que estava de
férias, disse que o desembargador plantonista não poderia mandar soltar o ex-presidente, que estava detido desde abril daquele ano, dizendo que ele era "autoridade absolutamente incompetente para sobrepor-se à decisão do Colegiado da 8ª Turma do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região”.
O relator do processo no TRF-4, Pedro Gebran Neto, suspendeu a decisão do colega
plantonista. Em seguida, Favreto reafirmou a decisão pela soltura. A questão foi resolvida
pelo então presidente do TRF-4, Thompson Flores, que manteve a prisão afirmando que o
pedido de habeas corpus de Lula caberia ao desembargador João Pedro Gebran Neto.
Acesso aos diálogos
A defesa de Lula teve acesso às conversas após autorização do Supremo, e as análises
foram enviadas ao ministro Ricardo Lewandowski no âmbito de uma reclamação. Os diálogos
foram analisados pelo perito Cláudio Wagner, contratado pela defesa.
Este é o nono relatório de análise preliminar enviado ao STF.
Conforme documento, após tomar conhecido da decisão de Favreto, integrantes da
força-tarefa passaram a trocar mensagem pelo aplicativo Telegram. As conversas seriam
no sentido de articular uma forma de manter Lula preso, na busca de evitar que a Polícia
Federal o soltasse enquanto aguardavam uma decisão que revertesse a de Favreto.
"É preciso uma contraordem do Gebran ou Lens (Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz).
Não adianta a gente falar. Pela aparência, Favretto pode cassar a decisão do Moro”, teria dito
Deltan em um momento.
Em outro, o procurador teria afirmado: “Falei com Valeixo agora. Seguem segurando.
Estão em contato com o TRF tb”. As mensagens estão transcritas na reportagem tal como
estão no documento enviado pela defesa de Lula. Conforme relatos, depois da segunda
decisão de Favreto, reafirmando a soltura do ex-presidente, Dallagnol teria dito aos demais
membros do Ministério Público Federal (MPF) presentes no grupo do aplicativo: “Vou ligar pra
PF e pedir pra não cumprir”.
Logo mais, o procurador falou sobre uma suposta orientação do relator Pedro Gebran.
“Orientação do Gebran è que a PF solte se não vier decisão do presidente do TRF. Pedi pra
PF segurar, mas predicávamos (precisávamos) deneto dessa 1h ter sinal positivo. Pq eu
dizer e nada não muda muito qdo tem ordem judicial”, escreveu. O procurador fala em horário
porque na decisão, Favreto dá uma hora para que Lula fosse solto.
Em um momento, no decorrer da discussão sobre o que poderia ser feito, o procurador
Januário Paludo teria comentado que já enfrentaram desembargadores corruptos antes,
mas que a questão em foco parecia ser ideológica.
Ainda na discussão, Dallagnol diz: “o problema é que Gebran disse pro Valeixo
(Maurício Valeixo, então superintendente da PF no Paraná) cumprir a ordem do
Favreto se não vier contraordem tempestiva do presidente”. Uma procuradora
identificada como Jerusa, que seria Jerusa Viecili, então, diz: "Imprime e leva
em mãos para o presidente". Dallagnol respondeu: "Ou driblamos isso ou vamos perder".
Do Casinhas Agreste
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