Foto: Dida Sampaio/Estadão
A baixa mobilização popular nas manifestações feitas ontem pela oposição é um motivo de preocupação para seus participantes. Mesmo com as divergências amplamente conhecidas que afastaram partidos de esquerda, como PT e PSOL, do protesto, havia uma expectativa que os palanques da oposição pudessem estar bem mais cheios. Na prática, somente a manifestação de São Paulo teve presença razoável de apoiadores e, mesmo assim, ficou aquém do que se esperava.
Mas, na política, muitas vezes dá para se enxergar o meio copo vazio ou o meio copo cheio. E a boa notícia para a oposição neste fim de semana é o fato de terem reunido no mesmo palanque políticos tão diferentes – e importantes eleitoralmente – quanto Ciro Gomes, João Doria, Luiz Henrique Mandetta, Simone Tebet, Alessandro Vieira e João Amoêdo, entre outros. O palanque plural é um importante ponto de partida para que as forças que convergem na oposição ao presidente comecem a alinhar suas diferenças e afinar no que pode ser até uma candidatura presidencial única em 2022.
Mas é óbvio que a consolidação dessa frente de oposição precisa ter o respaldo popular. Neste fim de semana, a movimentação passou longe disso. E a dúvida desse grupo é saber se forças importantes como o PT querem ou não participar dessa mobilização conjunta que tem como prioridade impedir a reeleição de Bolsonaro – seja com um impeachment ou com a derrota nas urnas – mas que também tenta construir seu próprio projeto político de poder.
Assim como o PT pretende eleger Luiz Inácio Lula da Silva, esse grupo trabalha por um terceiro nome diferente do petista e de Bolsonaro. Mas, no primeiro momento, a união dos dois grupos teria a capacidade de reduzir a viabilidade eleitoral de Bolsonaro se reeleger. O próximo passo dessa frente de oposição passa, obrigatoriamente, pela tentativa de construção dessa ponte com o PT.
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