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terça-feira, 14 de março de 2023

NOTA PÚBLICA SOBRE A REFORMA DO ENSINO MÉDIO

 



Da FNPE,

O Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE) é um fórum da sociedade civil organizada, que reúne 45 

entidades representativas do campo educacional e, desde 2017, com capilaridade e legitimidade, foi polo 

de resistência contra o golpe e a prisão do presidente Lula e em favor da superação do fascismo e 

autoritarismo, com vistas à retomada um projeto democrático para a educação e o país.

O FNPE e suas entidades têm uma base de princípios, diretrizes e estratégias político-pedagógicas que

 serão sempre reforçadas por suas entidades na proposição e condução das políticas públicas educacionais

, diante de quaisquer governos. O documento Final da CONAPE 2022[1] e a Carta de Natal[2], aprovados

 na Plenária Final da conferência, reafirmam estas concepções e proposições visando à redemocratização

 do Estado e de suas políticas educacionais, documentos que já são de domínio desde o Gabinete de 

Transição Governamental.

Assim, em decorrência de duas conferências nacionais populares (2018 e 2022) que mobilizaram amplos 

setores da sociedade os documentos finais foram uníssonos na seguinte direção: “revogação da Base

 Nacional Comum Curricular, e da Reforma do Ensino Médio, bem como dos currículos dos entes

 subnacionais dela decorrentes”, propostas encaminhadas sob o Governo de Michel Temer.

Esta demarcação se deu desde a problemática e ilegítima edição da medida provisória, e de todo 

um processo de construção e encaminhamento, logo após o impeachment da presidenta Dilma

 Rousseff, que não encontrou qualquer apoio na sociedade, ao contrário, o país vivenciou forte

 movimento de ocupação de escolas, protestos, greves, por discordar frontalmente do método e 

dos conteúdos envolvendo a Reforma do Ensino Médio. Depois, tivemos uma pandemia, que

 aprofundou não só desigualdades educacionais, como dificultou qualquer processo de implementação

 consistente e legitimado.

Ou seja, há muito tempo, e de forma consistente e reiterada, o FNPE vem ratificando que a BNCC, 

mas principalmente a Reforma do Ensino Médio (Lei nº 13.415/2017), são instrumentos normativos

 que desqualificam a educação básica, descaracterizam suas finalidades e precarizam a formação nas

 escolas públicas, prejudicando, principalmente, os estudantes oriundos das classes trabalhadoras,

 aprofundando desigualdades educacionais.

A expectativa, assim, era a de que a Reforma do Ensino Médio fosse, de pronto, revogada pelo novo

 governo, em razão das inúmeras manifestações e estudos produzidos por várias entidades e instituições

 que assim reclamam.

Contudo, ressaltamos que as Portarias do MEC, de nº 397[3] (ajuste de cronograma) e de nº 399[4]

(consulta pública genérica e de fácil manipulação), editadas em 07 e 08 de março de 2023, não atendem 

a nossa reivindicação sobre o debate atinente à revogação da Lei do Ensino Médio. Adicionalmente, 

entendemos que o espaço de debate deve ser o Fórum Nacional de Educação – FNE, com a composição

 de 2016, antes do golpe. Portanto, solicitamos que o Ministro Camilo Santana revogue a Portaria 

nº 577/2017, recomponha o FNE de 2016 e encaminhemos o debate sobre as políticas educacionais 

no espaço adequado e delimitado pela Lei 13.005/2014 (PNE), nos seus artigos 5º e 6º.

O FNPE, portanto, reafirma que seguirá dialogando e à disposição para estabelecer interlocução com 

o novo governo com vistas a reafirmar seus princípios e buscar a concretização de uma educação pública

 com a mais ampla abrangência, gratuita, laica, democrática, inclusiva e de qualidade para todo cidadão 

e para toda cidadã.

O FNPE segue com expectativas em relação a uma interação democrática, à confirmação de um diálogo

 cooperativo e com efetiva participação na definição dos rumos da política educacional do Governo

 Federal e seu andamento e, assim, orienta que as entidades nacionais do campo educacional a se

 engajaram fortemente nos atos do dia 15 de março: dia de Luta pela Revogação do Novo Ensino

 Médio.

Brasília, 09 de março de 2023.

FÓRUM NACIONAL POPULAR DE EDUCAÇÃO – FNPE

Postado Por Madalena França

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