Parlamentares votaram a favor da saída de Dilma e condenaram corrupção
O deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE) cerrou o punho e deu socos para o alto no ritmo do coro “eu sou brasileiro/com muito orgulho/com muito amor”, fazendo vibrar o grupo de deputados federais em seu entorno na sessão que votava a admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff. Era abril de 2016 a Lava-Jato levava o discurso anticorrupção para as ruas e ao plenário da Câmara:
Quanta honra o destino me reservou de poder, da minha voz, sair o grito de esperança de milhões de brasileiros. (...) Carrego comigo nossas histórias de luta pela liberdade e pela democracia. Por isso eu digo ao Brasil: sim para o futuro! — gritou Araújo, erguido pelos colegas como um troféu, sacramentando o avanço do processo contra Dilma
Bruno Araújo virou ministro das Cidades no governo golpista e, nesta semana, descobriu-se que nas planilhas de registro dos pagamentos ilegais da Odebrecht tinha outra identidade: “Jujuba”, beneficiário de contribuições não declaradas à Justiça Eleitoral, no total de R$ 600 mil.
Bruno Araújo virou ministro das Cidades no governo golpista e, nesta semana, descobriu-se que nas planilhas de registro dos pagamentos ilegais da Odebrecht tinha outra identidade: “Jujuba”, beneficiário de contribuições não declaradas à Justiça Eleitoral, no total de R$ 600 mil.
O caso não é exceção: sete em cada dez senadores e deputados federais que viraram alvo de inquérito ou são citados na planilha de caixa 2 entregue à Lava-Jato pelo diretor de Infraestrutura da Odebrecht, Benedicto Júnior, votaram pelo “sim” no impeachment. Sempre em discursos com duras críticas à corrupção, promessas de novos rumos e “esperança de um futuro melhor”.
As palavras entre aspas são da fala do deputado federal Milton Monti (PR-SP), acusado de viabilizar pagamentos ao então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM), e atuar por um “ajuste de mercado” entre empresas, que resultou em propina para agentes públicos do Dnit. Monti teria cobrado, em nome do PR, propina de 3% dos contratos da Ferrovia Norte-Sul.
— Estamos legitimados pelo povo brasileiro para dar um basta à roubalheira! — bradou Onyx Lorenzoni (DEM-RS) na sessão do impeachment, citando trecho do hino do Rio Grande de Sul que menciona o valor de “"nossas façanhas” como “modelo a toda terra”. Deputado Onyx tinha apelido de 'inimigo' pela Odebrecht.Ele é acusado de receber R$ 175 mil via propina para sua campanha de 2006 e será investigado em um dos inquéritos abertos por Fachin
O ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar relatou ter pago a Lorenzoni, tudo para que a empresa tivesse “um parceiro futuro nas suas atividades”, segundo o relato do ex-diretor ao MPF.
Investigado em inquérito que apura crimes de corrupção e lavagem de dinheiro por suspeita de ter recebido R$ 580 mil para defender posições favoráveis à Odebrecht em assuntos do setor elétrico, o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA) foi um dos mais agressivos contra a corrupção no plenário da Câmara:
Investigado em inquérito que apura crimes de corrupção e lavagem de dinheiro por suspeita de ter recebido R$ 580 mil para defender posições favoráveis à Odebrecht em assuntos do setor elétrico, o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA) foi um dos mais agressivos contra a corrupção no plenário da Câmara:
— Estou votando sim pelos crimes que Dilma cometeu. E não é só passar cheque sem fundo em nome do dinheiro do povo, ela roubou na refinaria, na Petrobras e em Belo Monte. Ela não é honrada!
CERTEZA DE APOIO DAS RUAS
Jutahy Júnior (PSDB-BA), suspeito de receber R$ 850 mil em propina nas campanhas de 2010 e em 2014, proferiu voto pela "certeza sobre o movimento popular das ruas".
Ruas de manifestações que foram frequentadas pelos dois nomes com maior número de pedidos de abertura de inquéritos no STF, com cinco procedimentos: os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Romero Jucá (PMDB-RR), suspeitos de crimes diversos. Dos 61 senadores que sacramentaram a saída de Dilma, metade foi citada.
— O Brasil despertou, chega de corrupção. Meu partido é o Brasil! — discursou Aécio em um carro do MBL, em BH.
Ruas de manifestações que foram frequentadas pelos dois nomes com maior número de pedidos de abertura de inquéritos no STF, com cinco procedimentos: os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Romero Jucá (PMDB-RR), suspeitos de crimes diversos. Dos 61 senadores que sacramentaram a saída de Dilma, metade foi citada.
— O Brasil despertou, chega de corrupção. Meu partido é o Brasil! — discursou Aécio em um carro do MBL, em BH.
Essa é a única investigação contra Aécio?
Não. Há uma outra investigação em que o senador e presidente do PSDB é acusado de receber propina de Furnas.Este inquérito também tem como base a delação de Delcídio, além de informações dadas pelos doleiro Alberto Youssef.Segundo o doleiro, Aécio recebia valores, por meio de sua irmã, de uma empresa contratada por Furnas.
Acusado de receber mais de R$ 1 milhão para evitar greves que atingissem a Odebrecht e também de ajudar a empresa a obter financiamentos do FI-FGTS, cujo conselho tinha voto da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (SD-SP) discursou no impeachment “contra a boquinha do PT”.
Acusado de receber mais de R$ 1 milhão para evitar greves que atingissem a Odebrecht e também de ajudar a empresa a obter financiamentos do FI-FGTS, cujo conselho tinha voto da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (SD-SP) discursou no impeachment “contra a boquinha do PT”.
A nova planilha entregue por Benedicto Júnior, com registros propina em diversos pleitos, traz o nome de alguns dos deputados mais combativos.
Caso de Jaime Martins (PSD-MG), apelido “Asfalto”, que pediu “o início de uma pauta ética que traga para a vida pública a decência e a moralidade de volta”.
E de Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) , apelido “Decodificado”, que vibrou pelo “momento de reescrever a ética”.
Duarte Nogueira (PSDB-SP), apelido “Pontaporã”, afirmou votar “contra a mentira, a impunidade e a corrupção”.
Domingos Sávio (PSDB-MG), apelido “Sábado”, fez discurso “pelos homens livres e de bons costumes", e contra o “desgoverno de tanta corrupção”.
Caso de Jaime Martins (PSD-MG), apelido “Asfalto”, que pediu “o início de uma pauta ética que traga para a vida pública a decência e a moralidade de volta”.
E de Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) , apelido “Decodificado”, que vibrou pelo “momento de reescrever a ética”.
Duarte Nogueira (PSDB-SP), apelido “Pontaporã”, afirmou votar “contra a mentira, a impunidade e a corrupção”.
Domingos Sávio (PSDB-MG), apelido “Sábado”, fez discurso “pelos homens livres e de bons costumes", e contra o “desgoverno de tanta corrupção”.
Todos os acusados negam as acusações. Preso em Curitiba, o presidente da sessão do impeachment, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), virou alvo de nove novos inquéritos nas delações da Odebrecht. Em abril de 2016, fez discurso breve ao proferir o voto. Intencional ou não, era fala de múltiplos sentidos:
— Que Deus tenha misericórdia dessa nação.
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