Matias Spektor, num interessante artigo sobre o vazio da candidatura Luciano Huck – expresso no uso repetido de um “ressignificar” que ninguém sabe o que significa, mas ” virou moeda corrente em grupos de renovação política nascidos no eixo Leblon-Vila Madalena na esteira do impeachment” produz um resumo muito feliz sobre os períodos FHC, Lula e Temer:
FHC fez suas reformas impondo à própria base aliada a pauta do combate à inflação; Lula fez o mesmo com o combate à desigualdade. Temer, cuja agenda não foi aprovada nas urnas, não precisa disso: sobrevive graças ao pacto nacional, com o Supremo e com tudo.
Afinal, é isso o que estamos assistindo: nunca um governo se expôs tanto ao ridículo, nem ao desgaste diante da opinião pública mas, “é o que temos” e, se o Judiciário cumprir o papel que tem neste “pacto” o que – na visão deles – continuaremos a ter depois das eleições de outubro.
A classe média, ou parte dela, vive sonhando com o Brasil onírico que tínhamos (??) antes do “lulopetismo”.
O patrimônio nacional é vendido, contra a opinião dos brasileiros que, sem eleição, não vem ao caso.
O mercado segue ganhando como sempre, antes, durante e depois da “Era PT”.
A exclusão social voltou à toda, com as ruas cheias de indigentes, salários em corrosão, empregos em extinção, no retrato da “viração possível” que nem mesmo as estatísticas genéricas escondem.
Nas ideias, vivemos um período medíocre e obscuro, perdidos em “tretas” sobre o politicamente correto e silêncio sobre o essencial, aceitando a agenda da mídia que erige Anitta e Pablo Vittar – nada contra ambos – como referências de “empoderamento”.
Agora, o “pacto da mediocridade” em que nos mergulharam, desde que as “jornadas de junho”, o “padrão Fifa” e o neomoralismo foram impingidos – sem grandes resistências, é verdade – à sociedade, prepara-se para cortar o mais forte vínculo entre o Brasil real, o do povão, e a política, com a cassação da candidatura Lula.
O golpe do golpe nos encontra cansados, não apenas da luta principal, mas de toda as derivação a que somos obrigados, todos os dias, para tratar de temas de comportamento pessoal e moral privada que, absolutamente, nada tem a ver com a esfera pública.
Neste tempo de ameaça à essência da democracia: o direito de que o povo seja o juiz supremo dos destinos do país, não podemos nos permitir tergiversações.
Porque é este o direito essencial de 204 milhões de pessoas que ficará na mão de três senhores.
E a decisão se o pacto da mediocridade, afinal, continuará regendo os destinos do Brasil.
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