A chamada da capa do site de O Globo, agora há pouco, faz um contorcionismo para dar a impressão de que a proposta de reforma previdenciária feita pela dupla Guedes-Bolsonaro tem apoio da população.
Para isso, revoga aquilo que aprendemos no primário: que o artigo “a” é definido e singular.
Apoiar reformas na Previdência é totalmente diferente de apoiar A reforma da Previdência, que é esta que está colocada.
Acho até pouco que 60% apóiem uma reforma da Previdência. Afinal, sou um deles e acho que ela tem de tirar mais de quem tem mais e menos de quem ganha menos, exatamente como não faz , apesar do discurso oficial, a Proposta de Emenda Constitucional.
O que a pesquisa CNI-Ibope mostra é exatamente o contrário: mais da metade dos entrevistados que sabem do que ela se trata rejeitam A reforma da Previdência que está aí.
E mostra, aliás, que o discurso do governo não colou entre os pobres – que ele diz que irão se beneficiar – e tem mais apoio entre os mais ricos que, afinal, devem ser masoquistas, não é? Leia só a conclusão do Ibope:
No grupo de pessoas com renda familiar de até um salário mínimo, 36% apoiam a atual proposta de reforma da previdência. No grupo com renda superior a cinco salários mínimos, 47% apoiam a atual proposta.
Não está em questão que a Previdência precisa de ajustes, embora a fórmula atual, que reúne idade e tempo de contribuição seja um caminho em geral mais justo e equilibrado. Jamais, porém, deve ser feita chantagem e mistificação com isso, porque os privilégios que revoltam a população não são os da massa de trabalhadores que será castigada.
Os “direitos adquiridos” em um grau de imoralidade inaceitável é que tem de ser podados, paulatinamente.
E a arrecadação previdenciária, num país onde só um terço da força de trabalho tem carteira assinada, está evidente, tem de ter outras fontes que não apenas os meros recolhimentos.
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