Técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) denunciam a medida do governo Bolsonaro de promover um brutal corte de 25% no orçamento do Censo Demográfico de 2020, o que compromete a realização do trabalho de pesquisa e levantamento de informações nos aproximadamente 70 milhões de domicílios no país.
O governo alega que restrições orçamentárias impedem a liberação dos R$ 3,4 bilhões orçados inicialmente. Indicada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para presidir o IBGE, Susana Cordeiro Guerra já determinou um corte de 25% no valor original.
O processo preocupa não só pesquisadores e funcionários do IBGE: uma campanha contra os cortes reunindo entidades de classe ligadas a estatísticos, geógrafos e outras categorias foi lançada e ganhou o reforço de personalidades como o médico Drauzio Varella.
“Só o Censo traz informações de cada cidade, cada bairro do Brasil. Ficar sem o Censo significa não saber quantas crianças vivem em cada bairro de cada cidade para calcular a quantidade de vacinas necessárias”, disse Varella, em vídeo da campanha.
Realizado a cada dez anos, o Censo Demográfico é a maior pesquisa do IBGE, que visita cada um dos cerca de 70 milhões de domicílios brasileiros para obter informações sobre as características de seus moradores e suas relações com o trabalho e os serviços essenciais, por exemplo.
Os resultados são usados no planejamento de políticas públicas e para definir a distribuição de recursos do governo federal por meio dos fundos de participação de estados e municípios ou de programas específicos, como o Fundeb (voltado à educação básica).
Em 2010, a pesquisa foi orçada em R$ 1,6 bilhão –o equivalente hoje a cerca de R$ 2,8 bilhões. Quase dois terços do valor foi usado para pagar 190 mil recenseadores.
*Com informações da Folha de SP
Madalena França via Esmael Morais
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