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terça-feira, 30 de julho de 2019

Massacre não é “incidente” ou “acidente”, é nossa política prisional


Madalena França Via Tijolaço.
O Brasil tem mais de 700 mil presos.
Se cumprirem-se os 800 mil mandados de prisão, teremos 1,5 milhão de presos.
Em cadeias onde cabem 350 mil, já sabe Deus como.
Francamente, é algum absurdo que nessa multidão funcionem facções criminosas?
Nas cadeias norte-americanas, conta tanta gente mas com muito mais estruturas, as gangues penitenciárias são imensas e controlam presídios inteiros.
Morreram 57 em Altamira, no Pará, ao que se sabe, por enquanto. Duas dezenas decapitados. Fotos pavorosas de cabeças amontoadas que não reproduzo por decência e nenhuma propensão ao sensacionalismo sórdido.
Agora, Sérgio Moro vai aos jornais, tirando uns minutos de folga de sua preocupação com hackers, para oferecer vagas “pois [poderiam]ficar recolhidos para sempre em presídios federais”
“Para sempre”, num país que não tem legislação que preveja prisão perpétua?
E se um líder de facção for isolado “para sempre” (supondo que o consigam) não aparecerá outro para substituí-lo?
Mas Sergio Moro, o ministro da Justiça, quer aumentar o encarceramento, determinando o recolhimento prisional de qualquer um que esteja sob recurso judicial. E que, por isso, estaria com a eventual atividade criminosa contida pela perspectiva de não ser preso.
Política prisional é, antes de tudo, evitar que se cometam outros crimes.
Não criar as condições para que ocorram, que é o que fazemos com a política de encarceramento em massa.
Mas a pol´tica de encarceramento que temos é um convite a isso.
Coerente com o “bandido bom é o o bandido morto”.
Melhor ainda que seja por eles mesmos.

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