Do Tijolaço
Postado por Madalena França
É inteiramente compreensível que o Brasil esteja começando a pagar um preço altíssimo, em Saúde Pública e na economia, pela conduta irresponsável de seus líderes.
Tivemos a sorte de, em relação à Europa e até aos Estados Unidos, de ter dois meses de “refresco” em relação à explosão epidêmica na China, o que deveria ter feito soar todos os alertas e trabalhar pela relativamente fácil contenção da chegada do vírus, que sabíamos estar vindo nos voos internacionais, que só muito parcamente foram controlados e sanitariamente monitorados.
Não conseguimos sequer montar um sistema de testes que permitisse aferir o espalhamento da doença e fizemos a opção errada de, não tendo os testes, deixar que estes verificadores inexistentes se sobre pusessem ao diagnóstico clínico como forma de mensurar a expressão da epidemia.
Depois, quando passamos, já em meados de março, a ter transmissão local, apenas em alguns lugares adotamos medidas tímidas de isolamento social: só na última semana de março Rio e São Paulo, por exemplo, mandaram cerrar o comércio não essencial. E nem todo, pois sobraram mais exceções do que regras.
Mesmo assim, isso se deu em meio à convocação insana do presidente da República a que as pessoas fossem à rua, ora apelando para a fome, ora falando que era “uma gripezinha” apenas, ora acenando com curas milagrosas.
De março para cá, como comprovam os gráficos de (não) isolamento social em todo o Brasil, publicados pela Folha e compilados pela movimentação dos aparelhos de telefonia celular, tudo isso começou a agir, junto com a natural tensão da quarentena, para que de desprezasse a única defesa que temos nem contra a doença, mas a seus catastróficos efeitos na rede de saúde, que está levada ao colapso.
Vejam a profusão de linhas vermelhas, indicando pioras. Só deixam de acontecer em lugares como Manaus, onde o terror está de tal forma evidente que consegue superar toda a estupidez oficial de um país onde o chefe da saúde está impedido – e o aceita – de dizer algo simples e direto como um “fique em casa”.
O resultado disso é que o país chega letárgico ao ponto em que deveríamos estar mais alertas para evitar que uma desgraça se torne uma hecatombe.
O cenário de horror, em poucos dias, será tão grande que teremos de apelar, nos maiores centros do país, para um verdadeiro lockdown, por absoluto colapso de todo o sistema de saúde.
E isso vai ocorrer quando já estão comprometidos praticamente todos os recursos de auxílio a empresas e trabalhadores para enfrentar o desastre.
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