O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi firme ao cobrar do presidente Jair Bolsonaro o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia. O petista exigiu a ajuda aos mais vulneráveis socialmente –desempregados, informais e pequenos empresários– na entrevista que concedeu nesta quinta-feira (1º/4) ao jornalista Reinaldo Azevedo, na BandNews.
Segundo Lula, o Estado deve e tem condições de ampliar os investimentos para que o Brasil supere a pandemia de Covid-19 e possa recuperar a economia. E a primeira ação deve ser a oferta de um auxílio emergencial de R$ 600, aliada à vacinação em larga escala e à ajuda aos micro e pequenos empresários.
“Espero que o Bolsonaro esteja assistindo, para o Bolsonaro saber que não tem jeito este país se não houver um salário emergencial de R$ 600 até terminar esta pandemia. E que esta pandemia só vai terminar quando tiver vacina para todo mundo. Então, deixe de ser ignorante, presidente. Pare de brigar com a ciência, pare de falar para os seus milicianos. Fale para 220 milhões de pessoas. Quando tiver vacina para todo mundo, todo mundo vai voltar a trabalhar, e a economia pode voltar a crescer. E o Estado tem condições de fazer financiamento”, disse.
Perguntado se será candidato em 2022, Lula lembrou que o país não tem tempo a perder e não deve voltar as discussões para o ano que vem. “Este é o ano de, todos nós que temos responsabilidade com este país, fazer o esforço para que este país tenha vacina para vacinar todo mundo, que é a única garantia que nós vamos ter. Nós temos de garantir a ajuda emergencial para que o povo possa ficar em casa e possa comer. E temos que ter ajuda emergencial para o pequeno e micro empresário continuar aberto e funcionando. É isso que temos de fazer prioritariamente.”
O papel do Estado na economia
Segundo Lula, o governo Bolsonaro, que entrega o controle da economia a Paulo Guedes, se preocupa apenas em ouvir o interesse do mercado financeiro e se esquece da população. “Qual é a confiança que o Bolsonaro passa ao povo brasileiro? Qual é a confiança que o Guedes passa ao povo brasileiro? Essa gente não fala em povo, essa gente não fala em emprego. Essa gente não fala em política social. O Guedes só fala em vender bens públicos. O Guedes tem de dizer o seguinte: o que o Estado brasileiro vai fazer para ter investimento?”, cobrou, lembrando que a marca de seus mandatos foi a inclusão dos mais pobres no orçamento, o que ampliou o mercado consumidor e impulsionou a economia.
A política econômica do atual governo, no entanto, corta investimentos e busca diminuir ao máximo o Estado, reduzindo assim a possibilidade de estímulo ao crescimento. Lula ressaltou não ser favorável a um Estado empresarial, mas a um Estado indutor da economia. E recordou que o Brasil superou a crise mundial de 2008 graças a investimentos vindos de empresas públicas, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e a Petrobras.
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