Tema crucial da agressiva disputa eleitoral protagonizada por Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, a situação econômica do país será decisiva para o sucesso do novo governo do PT que se inicia em janeiro. Já no primeiro dia após a vitória de Lula, na segunda 31, o mercado de capitais deu sinais de quanto está afoito pelas diretrizes econômicas e pelos nomes das figuras-chave da área econômica no novo governo.
O pregão abriu nervoso e o dólar disparou e superou os R$5,40. No decorrer do dia, o frenesi passou e a moeda americana fechou o dia em forte baixa de 2,6% para R$5,16, com o Ibovespa subindo 1,31%. Apenas a Petrobras manteve a baixa de 8,47%, indicando o risco de possíveis intervenções petistas na sua gestão. No dia seguinte, o dólar recuou mais 1% e a bolsa subiu mais 0,77%. Ainda assim, os investidores seguem ansiosos os indicadores — e devem continuar dessa maneira até que Lula revele o caminho que tomará. As informações são da edição desta semana da revista Veja.
Por enquanto, apesar de algum componente de instabilidade, o cenário é otimista, como mostrou a performance do Ibovespa. As duas gestões anteriores de Lula e a maneira equilibrada como tratou as questões econômicas na campanha — exceção feita a arroubos antiprivatização e posicionamentos intervencionistas — ajudam a conferir certa estabilidade à transição.
“O Lula tem uma imagem boa no exterior, que deve contribuir para atrair investimento, a não ser que ele faça algo muito ruim, e eu não acredito que ele vai fazer”, diz o economista Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e presidente da Mauá Capital. Voz influente no cenário global, o economista Robin Brooks, do Instituto de Finanças Internacionais, escreveu em uma rede social, na quarta 2, que “tudo que o Brasil precisa é uma transição de poder pacífica e bem ordenada”.
É unânime entre os economistas mais respeitados do país que o futuro econômico brasileiro está, num primeiro momento, interligado à questão fiscal. Lula e sua equipe econômica terão de provar que serão responsáveis com as contas públicas para que o otimismo inicial se reverta em confiabilidade. Depois de aumentar os gastos na pandemia, o governo Bolsonaro conseguirá um superávit fiscal este ano.
Segundo o Banco Central, a dívida pública baixou para 77% em relação ao PIB, em setembro. Mas a expectativa é voltar para o patamar acima dos 80% no próximo ano, ainda mais com uma bomba fiscal estimada em 280,3 bilhões de reais, sendo 157,7 bilhões de reais provenientes das despesas extras e 122,6 bilhões de reais em perdas de receitas previstas. No pacote entram desde promessas como manter o Auxílio Brasil em 600 reais e isentar do imposto de renda todos que recebem menos de 5 mil reais, até a manutenção de medidas como desoneração sobre combustíveis feita por Bolsonaro.
Resolver a questão fiscal é apenas o primeiro passo para Lula começar a governar com estabilidade. Para crescer de fato, o Brasil precisará de mais. Basicamente, Lula terá de retomar o que Bolsonaro deixou a meio caminho: as reformas estruturantes.
“Sem no mínimo uma reforma tributária o país não tem como avançar. É preciso reduzir a carga tributária em cima de quem produz, trabalha e consome”, defende o investidor Ricardo Lacerda, sócio-fundador da gestora BR Partners. Ex-presidente e membro do conselho de administração do Itaú Unibanco, Candido Bracher reforça o raciocínio: “Na área econômica, os grandes desafios do governo são a reforma tributária, a administrativa e medidas para aumentar a taxa de investimento”.
Informação do Blog do Magno Martins
Postado por Madalena França
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