O áudio mostra uma conversa sobre o impedimento de uma entrevista do ex-presidente Lula
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POLÍTICA ESCÂNDALO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um mês após a primeira reportagem sobre
mensagens atribuídas ao ex-juiz Sergio Moro e a membros da Lava Jato, o site The
Intercept Brasil divulgou nesta terça (9) o primeiro áudio das conversas, obtido de fonte
anônima a partir de dados do aplicativo Telegram.
Desde que vieram à tona as mensagens publicadas pelo Intercept desde 9 de junho,
tanto Deltan como Moro têm repetido que sempre agiram conforme a lei e que não
podem garantir a veracidade dos diálogos divulgados.No arquivo de som divulgado pelo
Intercept, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, afirma que a
proibição de entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Folha de S.Paulo, no
ano passado, era "uma notícia boa".
Em 28 de setembro do ano passado, antes das eleições, o ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski autorizou a colunista Mônica Bergamo, da Folha
de S.Paulo, a entrevistar Lula na prisão. No fim do mesmo dia, a decisão foi suspensa pelo
ministro Luiz Fux.
Na ocasião, ele também decidiu que, se a entrevista já tivesse sido realizada, sua
divulgação seria censurada. A decisão de Fux só foi revogada em abril deste ano pelo
presidente do tribunal, Dias Toffoli.
Logo após a determinação de Fux, Deltan enviou em um grupo de procuradores:
"URGENTE. É SEGREDO. Sobre a entrevista. Quem quer saber ouve o áudio".
No arquivo, ele dizia: "Caros, o Fux deu uma liminar suspendendo a decisão do
Lewandowski que autorizava a entrevista dizendo que vai ter que esperar a decisão do
plenário", disse Deltan em um grupo de procuradores.
"Agora não vamos alardear isso aí, não vamos falar para ninguém. Vamos manter, ficar
quieto, para evitar a divulgação o quanto for possível. Porque quanto antes divulgar isso,
antes vai ter recurso do outro lado, antes isso aí vai para o plenário", acrescentou.
"O pessoal pediu para a gente não comentar publicamente e deixar que a notícia surja
por outros canais pra evitar precipitar recurso de quem tem uma posição contrária a
nossa. Mas a notícia é boa para terminar bem a semana depois de tantas coisas ruins e]
terminar bem o final de semana. Abraços, falou!"
A mensagem foi enviada após um dia de intensa troca de mensagens dos procuradores
sobre o episódio. Após a liberação de Lewandowski, a procuradora Laura Tessler disse que
era "revoltante".
"Lá vai o cara fazer palanque na cadeia. Um verdadeiro circo. E depois de Mônica
Bergamo, pela isonomia, devem vir tantos outros jornalistas... e a gente aqui fica só
fazendo papel de palhaço com um Supremo desse...".
Os procuradores passaram a discutir sobre a possibilidade de impedir a entrevista ou
formas de diluir a entrevista entre vários veículos.
"Plano a: tentar recurso no próprio STF, possibilidade Zero. Plano b: abrir para todos
fazerem a entrevista no mesmo dia. Vai ser uma zona mas diminui a chance da entrevista
ser direcionada", afirmou o procurador Januário Paludo no grupo.
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Do Notícias ao Minuto.
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