PARABÉNS: Sertaneja comemora 100 anos com lucidez invejável
Por Denise Martins
O sertanejo é antes de tudo um forte e tem vida longeva. Natural de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, dona Otília Brasileiro completou, ontem, 100 anos. Extremamente lúcida, dona Otília é uma figura encantadora e sedutora. Boa de prosa e uma memória invejável, a sertaneja centenária vive hoje no Recife, onde comemorou a data ao lado de familiares, entre os quais a filha Fátima Brasileiro.
Como todo sertanejo, dona Otília vem de uma grande prole. São 18 irmãos, dos quais cinco morreram quando crianças. Os pais, comerciantes e fazendeiros, deram às mulheres o sobrenome de “Brasileiro” e aos homens o de “Patriota”. “Quando meu pai, Manoel José da Silva, se ausentava, minha mãe, Maria Gomes Brasileiro, assumia com pulso e competência o comando da família e dos negócios”, relembra.
E acrescenta: “Eles se conheceram na casa do meu avô materno e tiveram que esperar duas irmãs mais velhas se casarem, para chegar então a sua vez, pois havia uma norma familiar de que as mais novas não casavam antes das mais velhas”.
Dona Otília morou por muito tempo em Carnaíba (PE) e depois de casada fixou residência em Afogados da Ingazeira. Assistiu a momentos históricos da trajetória política do Brasil como o cangaço. Impressiona a riqueza dos detalhes da memória que parece ter um segredo especial como a sua própria vida de longevidade.
Dona Otília morou por muito tempo em Carnaíba (PE) e depois de casada fixou residência em Afogados da Ingazeira. Assistiu a momentos históricos da trajetória política do Brasil como o cangaço. Impressiona a riqueza dos detalhes da memória que parece ter um segredo especial como a sua própria vida de longevidade.
“Vivi o tempo das “visitas” de Antônio Silvino, dos Revoltosos e de Lampião, que aterrorizavam no interior do Nordeste. Nossa casa foi invadida pelo bando de Lampião, cujos bandidos mantiveram meu pai preso por algumas horas, ameaçado de morte. Minha mãe, sob fogo cruzado, abria a loja e entregava aos cangaceiros todo dinheiro de que dispunham, comprometendo-se a mandar o restante para onde estivesse o bando. A ordem do “chefe” era levar 10 contos de réis, quantia alta na época, ou matar meu pai”, conta ela.
Não só a memória de dona Otília que impressiona aos 100 anos de idade, mas a sua disposição física também. Não abre mão de ler diariamente todos os jornais e tem mania por palavras cruzadas. A vida para ela tem que ter a leveza da criança, com risadas e brincadeiras. Se há um segredo para se prolongar os dias não sabe, mas conclui que o que realmente vale na vida é ter saúde e amizade.
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