A “tecnologia” divulgada hoje para descobrir se os que passam pelos “postos de fronteira” armados na entrada das favelas do Rio de Janeiro dispensa comentários sobre o efeito que causa nas pessoas honestas e honradas que são submetidas ao constrangimento de serem fotografadas com a identidade como “rótulo”, à guisa de “plaquinha” de foto de marginal.
Deprimente, deplorável, despropositada.
Qual é o critério para este “manjamento” virtual?
Ser negro, ser pobre, ser morador da favela?
Quantos destes “manjamentos” serão feitos para pegar um criminoso “pra valer”? Mil, dez mil?
Uma loteria perversa, até que “dê a sorte” de pegar um. porque não se tem a menor ideia de quem está sendo procurado e de onde procurar?
Consultem qualquer especialista em segurança pública – sem aspas, sem aspas – e eles lhes dirão que isso é inócuo. Consultem qualquer especialista em comunicação e ele lhes dirá que estas fotos vão correr o mundo e espalhar uma imagem de um “regime militar” que não existe, como sendo a realidade do nosso país.
Os energúmenos batem palmas, porque o que pensam ser segurança é espalhafato policial e humilhação aos pobres.
Segundo O Globo, todo mundo entrou “na roda”: homens, mulheres, idosos.
“Fichados”, diz o jornal e é assim que as pessoas se sentem.
Zero de eficiência e mil ou dez mil de constrangimentos e gente que, sem ter nada a ver com a história e sendo, elas próprias, vítimas da criminalidade sentem que se vai o que era um orgulho: “não ter ficha na Polícia”.
Generais, generais, aprendam um pouco sobre os pobres. Eles se incomodam menos de não ter bens e dinheiro do que de não terem dignidade e respeito.
Nem a seca, nem a fome, nem a morte doeram tanto a Fabiano, o vaqueiro de Vidas Secas, quanto a humilhação do soldado amarelo.
Ressentimento é dor duradoura e se é este o “legado” que se vai deixar para a segurança pública desta intervenção, que Deus tenha piedade do que vem pela frente.
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