Uma das características mais comuns às crises financeiras mais agudas é que elas, como as tempestades, surgem de razões climáticas reais e conhecidas, mas frequentemente não mandam sinais claros de que vão acontecer.
Ou mandam, mas os pequenos tubarões das finanças, no frenesi do lucro, não percebem. Os grandes, estes começam a sair para o oceano aberto.
O rebaixamento da nota de risco do Brasil foi solenemente ignorado pelo “mercado”.
O mesmo acontece hoje com o anúncio, pelo Banco Central de que o fluxo cambial na conta financeira atingiu, até sexta-feira última, um resultado negativo de quase 4,6 bilhões de dólares, o que, mesmo com o bom desempenho das exportações, deixa um déficit de US$ 2 bi, quase, na conta de câmbio do país.
O inverso da enxurrada de dólares que empurrou a Bolsa para o patamar irreal em que está e tirou pouco mais de 4% do valor do dólar no mês. Pois, em janeiro, a balança entre a entrada e saída de investimentos financeiros foi de US$ 8 bilhões positivos, sendo US$ 5,5 bilhões da conta financeira.
Como, nos primeiros dias de fevereiro, a conta ainda era positiva, é possível afirmar que, em pouco mais de duas semanas, a partir do “mini-crash” da bolsa novaiorquina, o resultado “espelhou”: o que era saldo virou déficit.
Cruzem os dedos para que prossiga a calmaria – na qual nem eles acreditam que dure – no mercado americano. Os tubarões, aqui, estão tão ocupados em abocanhar tudo que não percebem a chegada de uma tempestade.
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