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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A incongruência do Legislativo e o renegado PDT






Ao me deparar com a votação do decreto nº 9.288, de 16 de fevereiro, que decreta a oportunista  intervenção Militar  no Estado do Rio de Janeiro, não pude deixar de reparar no posicionamento do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e seus filiados, tanto na câmara baixa (Câmara dos Deputados) como na alta (Senado Federal). Os 15 representantes da câmara  presentes votaram a favor da intervenção. Nenhum deles é representante do Estado do Rio de Janeiro. Os três filiados do PDT da câmara  seguiram seus correligionários e votaram SIM. Nenhum dos três é representante do Estado do Rio de Janeiro. 

A incongruência do Poder Legislativo federal, suas intermináveis sessões e sua oratória demorada acabam escancarando o verdadeiro jogo político em curso: O apoio político é lastreado em emendas, cargos, comissões e afins. O único partido brasileiro a integrar a Internacional Socialista pode estar se rendendo ao oportunismo e se fazendo de desentendido no campo da ideologia partidária. O maior representante desta aberração política é o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).O Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis elucida da seguinte maneira: Soacial democrata: Concepção política que surgiu no final do século XIX [...], que tenta unir os princípios da democracia e do socialismo; propõe mudanças na sociedade capitalista, para torná-la mais humana e igualitária, por meio de reformas graduais, dentro de um regime democrático representativo.

É paradoxal que o partido que representa o canto mais extremo do lado direito do espectro político brasileiro tente se enquadrar nos sociais-democratas históricos da esquerda. O partido responsável pelas mais cruéis privatizações sofridas pela República, pela militância ao livre mercado, pela venda de recursos naturais preciosos a preço de banana se diz social-democrata. É uma ofensa direta e imperdoável contra aquilo que a esquerda representa.É uma lástima que um dos mais tradicionais partidos políticos brasileiros esteja se tornando um PSDB da vida.

Que tenha se esquecido da Carta de Lisboa com seus belos trechos, como “Não desconhecemos as permanentes tentativas das forças autoritárias de esmagar os movimentos dos trabalhadores. Mas o repositório de coragem e dignidade dos trabalhadores faz com que eles não se dobrem nem se iludam. E com eles estamos nós, Trabalhistas.”De forma alguma mergulharia em um mar de ingratidão e não reconheceria a atuação do partido na votação do golpe e na votação da reforma trabalhista. Mas os ventos mudaram rápido demais. A avidez pela presidência mediante as incertezas políticas deste ano pode ter revelado o lado PSDB do PDT.

As atuais tentativas de enfraquecer o PT e o Lula mostra que o interesse não é unir as esquerdas e reverter esse golpe. O PDT agora possui agenda própria. Prefere jogar o velho jogo político do que mostrar que o pilar fundamental de qualquer partido de esquerda é zelar pelos menos favorecidos, independente de desentendimentos ideológicos.A maior lástima de todas é que estamos falando de um partido fundado por Leonel de Moura Brizola, líder incontestável da esquerda e nacionalista convicto.

Do PDT eu prefiro ficar com a gostosa lembrança de Brizola discursando com o seu sotaque carregado e energético para uma plateia de jovens: “A vocês, jovens do meu país, [...] tomem os destinos de vocês nas mãos próprias de vocês. Não confiem nestes políticos. Tudo está corrompido, [...] vocês são o nosso país. O Brasil depende de vocês.”

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