Celeste Silveira 0 Comentário Bandido bom é bandido morto, Banho de sangue,Bolsonaro, New York Times
Em reportagem que ocupou quase metade de sua primeira página, um dos principais jornais norte-americanos, o New York Times, faz previsões sombrias para o Brasil após vitória de Jair Bolsonaro.
Por Ernesto Londoño e Manuela Andreoni, no New York Times
No Brasil, um banho de sangue anunciado
No Brasil, um banho de sangue anunciado
Presidente eleito promete medidas drásticas para acabar com a praga de crimes violentos
Jair Bolsonaro, o próximo presidente do Brasil, conquistou milhões de eleitores, prometendo tornar mais fácil para a polícia matar criminosos e esmagar as gangues violentas do país, muitas vezes exibindo um símbolo de arma com as mãos. “Bandido bom é bandido morto”, disse Bolsonaro na campanha. O tipo de abordagem draconiana prometido por Bolsonaro já é empregado há meses no estado onde mora, o Rio de Janeiro, onde os militares brasileiros supervisionam as operações de segurança desde fevereiro.Isso levou a um surto de mortes por parte das autoridades – e um debate sobre se a tática está funcionando. Entre março e setembro, a polícia e o exército mataram pelo menos 922 pessoas no estado do Rio de Janeiro, um aumento de 45% em relação ao mesmo período do ano passado. Quase uma em cada quatro pessoas mortas ali desde março morreu nas mãos do estado. Pesquisas de opinião sugerem que uma ampla maioria de pessoas no Rio de Janeiro apoia a intervenção militar.
Mas, enquanto os relatos de crimes como assaltos e roubos de cargas diminuíram nos primeiros sete meses da tomada militar, o número total de mortes violentas no estado aumentou. “A redução da violência é estratégica para o Brasil”, afirmou Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que estuda as tendências da violência. Mas até agora, acrescentou, “tem sido discutida através de mitos e formulações que não são baseadas em fatos ou evidências”.
Os brasileiros concordam que medidas drásticas precisam ser tomadas para conter a onda extraordinária de crimes violentos no país, que levou a um recorde de mortes de 63.880 pessoas no ano passado. Só no estado do Rio de Janeiro, mais de 5.197 pessoas foram mortas este ano – muito mais do que os 3.438 civis mortos em conflitos no ano passado no Afeganistão, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
O nível impressionante de violência pesou sobre os eleitores nas eleições do fim de semana passado. Junto com Bolsonaro, outros políticos que haviam jurado caçar criminosos foram recompensados nas urnas, preparando o terreno para um período de intensificação do derramamento de sangue. Bolsonaro, que venceu por uma margem decisiva, disse em agosto que policiais que matam criminosos armados com “10 ou 30 tiros precisam ser condecorados, e não processados”.
*Por Nocaute – Blog de Fernando Morais.
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