Existem coisas evidentes na montagem da estrutura de poder autoritário que se faz sob a égide de Jair Bolsonaro que, tenho insistido aqui, não têm sido devidamente percebidas, olhadas como se fossem movimentos políticos naturais na montagem de um governo dentro dos limites de um estado democrático, algo que não é, em hipótese alguma, o caso deste.
Vejam: embora precise, desesperadamente, da construção de uma maioria suficiente para emendar a Constituição, não existe, senão por algumas conversas mantidas em absoluto sigilo, nenhuma articulação com bancadas partidárias no Congresso com este fim.
O pouco que aparece é indicativo mais de bajulação do que de articulação. A nomeação, por exemplo, do General Juarez Aparecido de Paula Cunha para a presidência dos Correios é, senão uma ordem, um mimo ao General Hamílton Mourão, seu colega na turma de 1975 da Academia das Agulhas Negras e seu par constante ao longo de anos de serviço.
Já os acenos de Rodrigo Maia para fazer votar antes do fim do ano o afrouxamento das regras para a compra de armas foram solenemente ignorados.
Bolsonaro não quer que se perca a identificação pessoal que deve conter o cardápio de repressão e força que é o prato central do início de seu governo.
Quase todo o resto serão fait-divers, destinados a produzir medidas fátuas e espetaculares, sem guardar relação com o eixo de sua ação.
Neste momento, fuçam-se os escaninhos da Polícia Federal em busca de personagens que possam ser simbólicos para criar o “acompanhamento” com que será servido ao Congresso o pacote de ações autoritárias das “Novas Medidas contra a Corrupção”.
O método de formação da maioria não será apenas o da simples e tradicional cooptação com cargos no governo, mas o da intimidação.
Haverá judeus.
Madalena França Via Tijolaço
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