Reza a lenda dos velhos jornalistas, atribuída ao lendário Raul Azêdo, de que, como notícia, um Fusca que caísse no Canal do Mangue importava mais que um avião que caísse no Japão.
Hoje foi o dia em que o Fusca caiu nas neves suíças de um discurso fraco e burocrático de Jair Bolsonaro em Davos e o avião despencou sobre o gabinete de seu filho, com a revelação de que empregava a família de um ex-capitão foragido da PM, ex-segurança da filha (e sucessora nos negócios) do bicheiro Waldemiro Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004.
Pior, que este ex-capitão – Adriano Magalhães da Nóbrega – é o chefe do “Escritório do Crime”, que controla áreas pobres na Zona Oeste do Rio e é apontado como o grupo responsável pelo assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e desde 2011 acusado de homicídios comandados pela agora bicheira Shanna Garcia.
O fato já era, portanto, bem conhecido quando a mulher e a mulher do hoje foragido foram “trabalhar” na Assembléia Legislativa.
O caso Marielle não é um assassinado de “anônimos”, como tantos outros que vitimam negros, homens e mulheres, nas favelas e periferias. É um crime de imensa repercussão nacional e mundial que, agora, se engancha nas muitas arestas que se formaram a partir do caso de Fabrício Queiroz, o amigo-assessor-motorista de R$ 7 milhões de movimentação bancária.
E uma destas arestas, pontiaguda e confessada, é o empréstimo pessoal de R$ 40 mil feito pelo hoje presidente ao PM Queiroz – segundo seu próprio filho presidencial, patrocinador da família do capitão fugitivo.
Como disse o jornalista Mário Magalhães, “quando se descobre que a mãe e a mulher de um dos principais suspeitos do assassinato de Marielle Franco trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro, a impressão se impõe: tudo é muito mais pavoroso do que parecia”.
Por mais atraentes que sejam as ofertas de venda do Brasil que estejam fazendo, os peso-pesados do capital já estão sendo advertidos por seus staffs para que evitem muita proximidade com o capitão-presidente.
Hoje cedo, quando ainda não havia estas revelações e antes do que você pode imaginar no Jornal Nacional de hoje e nas páginas dos jornais amanhã, já havia a convicção de que Bolsonaro não escaparia do inferno que se formou e que, agora, aumenta em centenas de graus a temperatura de suas labaredas.
E nem um refresquinho de Davos vai ter, porque os comentários na imprensa internacionais sobre seu discurso variam entre a piedade e a chacota.
Em compensação, o que vai ter de “Rock’River” amanhã falando lá fora de Rio das Pedras vai ser uma enormidade.
Madalena França Via Tijolaço
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