Brasília vira um caldeirão
Brasília ferve. A temperatura subiu na CPI da Covid no Senado, ontem, com a prisão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, José Roberto Dias, decretada pelo presidente da comissão de investigação, Omar Aziz, após constatar que o depoente prestou falso testemunho. Dias foi detido e levado para a polícia legislativa, onde prestou depoimento. A voz de prisão pelo presidente da CPI pareceu ter sido desencadeada pela menção, pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), a áudios extraídos do celular do cabo da PM mineira e vendedor autônomo da Davati Medical Supply Luiz Paulo Dominghetti Pereira.
O teor das gravações, em que ele conversa com um interlocutor identificado como Rafael, dá a entender que Dominghetti já havia conversado com Dias antes do encontro em 25 de fevereiro no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, região central da capital federal. A mensagem contradiz a versão do ex-diretor do Ministério da Saúde, de que havia marcado um chope com um amigo, José Ricardo Santana, e o coronel Marcelo Blanco teria aparecido espontaneamente acompanhado de Dominghetti.
Mas o senador Marcos Rogério (DEM-RO), aliado do governo do presidente Jair Bolsonaro, fez críticas à decisão, afirmando que houve claro abuso de autoridade. “Não foi apontado um único fato concreto para que fosse decretada a sua prisão em flagrante! Absurdo!”, disse.
Numa outra ponte, o presidente Bolsonaro voltou a atacar o ministro Luís Roberto Barroso, do STF. Ao defender o voto impresso, Bolsonaro criticou a atuação de Barroso que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral. O chefe do Executivo disse Barroso era um “péssimo ministro “. “Por que o Barroso não quer mais transparência nas eleições? Porque ele tem interesse pessoal nisso. Ele tá se envolvendo em uma causa como essa e interferindo no Legislativo, e isso é concreto porque depois da ida dele ao parlamento brasileiro várias lideranças partidárias trocaram os membros da comissão que analisa o voto auditável “, declarou.
Bolsonaro afirmou que Barroso quer “destruir a democracia” e disse que o ministro defende a legalização das drogas e o aborto. “Um ministro como o Barroso, pelo amor de Deus, o que esse cara faz no Supremo Tribunal Federal? Ele quer destruir a nossa democracia”, declarou. Bolsonaro também repetiu que “haverá problemas” no ano que vem caso o voto impresso não seja implementado nas eleições de 2022. O chefe do Executivo citou que poderia contestar o resultado do pleito.
“Eles vão arranjar problemas para o ano que vem se esse método continuar aí sem a contagem pública. Eles vão ter problemas porque algum lado pode não aceitar o resultado. Esse algum lado, obviamente, que é o nosso lado“, disse.
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