A Folha traz matéria onde o filho do dono da Odebrecht, o que demorou dois anos de cadeira para converter-se em delator, teria dito que seu cunhado, Maurício Ferro, destruiu provas dos arquivos do tal “Setor de Operações Estruturadas” de onde viriam as propinas da empreiteira.
Sete páginas adiante, um anúncio de página inteira comemora a “eleição” da empreiteira, por uma ONG, a Transparência Internacional/Brasil.
É, no mínimo, constrangedor.
Aliás, é tão constrangedor que a própria Transparência Internacional se viu forçada, no seu relatório, a colocar uma página introdutória para reduzir a sensação de choque e espanto com a presença da Odebrecht e da JBS no topo da lista das empresas “corretinhas”.
“Esta não é uma pesquisa sobre o quão éticas são as empresas avaliadas”, diz o relatório.
Não, não é nem poderia ser. O que não impede que seja usado como a mais deslavada propaganda.
É o resultado desta imensa hipocrisia nacional onde propaganda, delações, moralidade e combate á corrupção passaram a ser máquinas de fazer política e, também, dinheiro, este para a imprensa, escritórios de advocacia, “consultores” (até o “barbeta” da Lava Jato, Carlos Fernando Santos Lima, planeja se dedicar ao rico filão).
E como tudo isso é uma casca, volta e meia ela se trinca e se revela nos seus absurdos.
A Odebrecht como campeã da transparência dos programas anticorrupção no mesmo jornal em que seu ex-presidente diz que o acordo feito pela empresa escondeu e modificou provas é um destes momentos, tanto quanto é a farra do auxílio-moradia dos juízes que se apresentam como arautos da moralidade.
É preciso mesmo ser muito tolo para não entender que o papel aceita tudo, desde que haja bons motivos para fazê-lo.
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