Madalena França Via Manuel Mariano
Para Xavier, vale essa? Leg: Manifestação por Lula em frente ao STF com parlamentares do PT, 30/01 (Créditos: Lula Marques/Ag. PT)
O Conversa Afiada publica artigo sereno (sempre!) de seu colUnista exclusivo Joaquim Xavier:
Por obra do acaso, dois acontecimentos exemplares se encontraram no tempo. A tragédia de Brumadinho escancarou o descaso com que os beneficiários da privataria tucana tratam o patrimônio nacional e o maior responsável pela grandeza do Brasil: o povo trabalhador, maioria da nação.
Dispensável repetir aqui o noticiário dando conta da negligência criminosa da Vale privatizada, tanto em Mariana quanto agora. Desde a “doação” ao grande capital promovida por Fernando Henrique Cardoso, a empresa adotou a política de lavar as mãos e sujar a vida dos brasileiros com mortes, desespero e catástrofes ambientais. Os números indicam, sem medo de errar: Brumadinho entrará para a história como a maior tragédia do gênero da história do planeta.
Ao mesmo tempo, outro evento trágico vem a público. Um irmão do ex-presidente Lula perde a vida. Não se trata de comparar dimensões de uma e outra tragédia. A morte do irmão do líder popular mais importante do país certamente pesa tanto quanto a de um trabalhador lançado à guilhotina à beira de uma barragem sabidamente condenada.
Dispensável repetir aqui o noticiário dando conta da negligência criminosa da Vale privatizada, tanto em Mariana quanto agora. Desde a “doação” ao grande capital promovida por Fernando Henrique Cardoso, a empresa adotou a política de lavar as mãos e sujar a vida dos brasileiros com mortes, desespero e catástrofes ambientais. Os números indicam, sem medo de errar: Brumadinho entrará para a história como a maior tragédia do gênero da história do planeta.
Ao mesmo tempo, outro evento trágico vem a público. Um irmão do ex-presidente Lula perde a vida. Não se trata de comparar dimensões de uma e outra tragédia. A morte do irmão do líder popular mais importante do país certamente pesa tanto quanto a de um trabalhador lançado à guilhotina à beira de uma barragem sabidamente condenada.
O que chama a atenção é a reação similar dos poderosos nos dois casos. O menosprezo frente à perda de vidas, seja uma, sejam centenas. São inúmeros os relatos de revolta de parentes com a negligência da mineradora quanto à localização de desaparecidos.
O governo Bolsonaro trata tudo como espetáculo: importa uma força-tarefa israelense treinada para perseguir combatentes palestinos, mas incapaz de localizar sobreviventes ou corpos tragados pela lama. Quanto à Vale, nada é feito, exceto prender meia dúzia de mordomos. Até hoje, a empresa doada por Fernando Henrique Cardoso não pagou um centavo das inúmeras multas lavradas por crimes ambientais e trabalhistas.
Eis que morre o irmão do ex-presidente Lula. A lei em vigor garante a qualquer presidiário o direito de comparecer ao enterro de parentes próximos. Mas a lei, ora a lei.
Do alto de seus cabelos encharcados de brilhantina, o presidente do STF autoriza Lula a encontrar familiares numa unidade militar quando o irmão já estava sendo enterrado. Num escárnio impensável até para os roteiristas da Globo, permite que o corpo de irmão de Lula seja levado ao lugar. Ou seja, teria que ser desenterrado para que o ex-presidente desse adeus a Vavá.
Então tudo se encontra. Executivo, Judissiário, Polícia Federal, Legislativo (?) estão unidos no desprezo à vida de quem se identificar com a construção de um país mais justo; no desrespeito à Constituição; na entrega do país ao grande capital; na humilhação de quem ousa ou ousou defender uma distribuição de renda socialmente mais justa.
Daqui a pouco, Brumadinho sumirá das manchetes da mídia gorda, como aconteceu com Mariana. Vai-se falar apenas do “valor de mercado” da Vale, pouco importam as centenas de mortos. Problema: Lula continua vivo.
A conspiração antinacional instalada em todos os poderes não vai descansar enquanto não eliminar o símbolo da luta contra a desigualdade e por alguma justiça social. Lula está marcado para morrer.
Sua resistência é impressionante. Perseguido implacavelmente durante anos, vítima de câncer, condenado sem provas por gente inferior a rábulas, viúvo por obra de um juizeco de Curitiba transformado em ministro, tolhido em seus direitos mais elementares, confinado a uma solitária – diante de tudo isso, Lula dificilmente irá resistir. A não ser que as forças progressistas e democráticas percebam o que está em curso. Não há muito tempo.
Joaquim Xavier