A capa do Estadão deste domingo, com as imagens e as histórias das diversões equestres do generais-ministros do governo Bolsonaro, além do gostinho dejà vu de quem viveu a época João Figueiredo, deixam dúvida sobre se aqueles senhores outonais são capazes, no comando do país, de superarem os obstáculos que saltam com suas cavalgaduras.
É que a montaria que usaram para este desafio é antes um asno não um cavalo que, com freio, rédea e espora, acaba obedecendo ao comando do ginete.
Este, teima, empaca, tranca o passo e, se vai, vai devagar, frequentemente para onde ele mesmo quer.
Agora, o nosso asinino, desprezando o comando que lhe tentaram dar, caminha para o caminho sem volta do confronto, com tudo e com todos, exceto com um agrupamento de descerebrados, inclusive um que anda espalhando nas redes que, por todo o país, estão “sacrificando bodes e talvez até gente” em rituais anti-bolsonaro”, para quem pede orações e jejum.
Não tome por inacreditável: a asneira é própria de adoradores do asno.
Melhor seria se os senhores lessem a fábula de Esopo justamente sobre um “condutor de asno”:
Um jovem asno que era conduzido por seu dono, descia por uma estreita trilha na encosta de uma montanha, quando de repente, cismou que daquele ponto em diante deveria escolher seu próprio caminho.
Ocorre que lá do alto ele acabara de ver seu estábulo no sopé da montanha, e segundo seu ponto de vista, a descida mais rápida e sensata seria pelas paredes laterais do precipício.
Decidido, se joga no abismo, quando seu dono o segura pela cauda com toda sua força, tentando puxá-lo de volta para a trilha.
Mas o teimoso animal, decidido a dar continuidade a sua decisão, faz birra e puxa ainda com mais força.
“Muito bem,” exclama o condutor já sem forças, “se essa é a sua vontade, siga seu próprio caminho animal cabeça dura, e descubra por si mesmo, aonde este irá te conduzir…”
Dito isso, soltou sua cauda, e o tolo asno se precipitou montanha abaixo.
Madalena França via Tijolaço
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