Blog da Noelia Brito
Os três "herdeiros" |
Matéria publicada pela Folha de São Paulo de hoje (acesso AQUI), escrita pelo jornalistas João Pedro pitombo, na data em que se completam três anos da morte do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, confirma que três dos principais envolvidos na Operação Turbulência, iniciada com uma investigação sobre o arrendamento do jato no qual Campos viajava, assinaram acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal no início deste ano.
Os delatores João Lyra Pessoa de Melo Filho, Apolo Santana Vieira e Eduardo Freire Bezerra Leite prometem dar detalhes sobre transações financeiras envolvendo superfaturamento de obras ligadas ao governo de Pernambuco. João Carlos Lyra era apontado como elo entre Eduardo Campos, seu sócio Aldo Guedes e empreiteiras.
Os três empresários são acusados de formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro, pagamento de propinas e crimes contra o sistema financeiro.
De acordo com o Ministério Público, os suspeitos teriam movimentado dinheiro de forma fraudulenta entre empresas de fachada. O esquema teria vigorado entre 2010 e 2014 e movimentado cerca de R$ 600 milhões, segundo a Polícia Federal.
Em janeiro, a PF deflagrou a Operação Vórtex como um desdobramento da Turbulência. A ação investigou a participação de uma terceira empresa, a Lidermac, que tem entre seus sócios um genro de José Múcio, ministro do TCU, na compra da aeronave.
Na época, o PSB contestou a existência de qualquer irregularidade envolvendo o partido e a Lidermac, alegando que esta teria feito apenas uma doação de R$ 500 mil ao PSB na campanha de 2014 de forma oficial.
A reportagem da Folha ainda menciona a delicada situação do PSB de Pernambuco de ver três dos principais afilhados políticos de Eduardo Campos sendo alvo de inquéritos por corrupção e lavagem de dinheiro: o governador Paulo Câmara (PSB), o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB).
Câmara deve disputar a reeleição ao governo do Estado e poderá enfrentar nas urnas Bezerra Coelho, que negocia uma migração para o DEM, afirma a Folha de São Paulo.
A Folha ainda lembra que tanto Paulo Câmara quando Fernando Bezerra Coelho, além do prefeito Geraldo Júlio, são alvos de inquérito na Operação Fair Play, que investiga um suposto superfaturamento de R$ 42 milhões nas obras de construção da Arena Pernambuco para a Copa 2014.
Delatores da JBS ainda acusaram os três de pedirem e de receberem propina durante as eleições de 2014. Vejam trechos da delação do executivo Saud, da JBS, em que revela como se deram as tratativas com Paulo Câmara e Geraldo Júlio, segundo, ele, em encontros pessoais:
Durante a 42ª Fase da Lava Jato, que resultou nas prisões dos marqueteiros André Gustavo e Antônio Carlos Vieira Filho, da Arcos Propaganda, os investigadores apreenderam material comprometedor envolvendo a campanha de Fernando Bezerra Coelho e a Prefeitura do Recife (leia em PREFEITURA DO RECIFE TERIA PAGO DÍVIDA DE CAMPANHA DE FBC ATRAVÉS DA ARCOS, SUSPEITA POLÍCIA FEDERAL).
Os três já haviam sido citados como usuários dos préstimos da Arcos como intermediária para o recebimento de vantagens ilícitas a que o delator da JBS denominou de "propinas" (leia emEXCLUSIVO: VEJA OS DOCUMENTOS ANEXADOS À DELAÇÃO DA JBS CONTRA PAULO CÂMARA, GERALDO JÚLIO E FERNANDO BEZERRA COELHO, DO PSB DE PERNAMBUCO).
OUTRO LADO
Prefeito, governador e senador negam irregularidades. Em nota, o governo de Pernambuco afirmou que a licitação para a construção da Arena Pernambuco observou todos os requisitos, prazos e exigências da Lei de Licitações e da Lei das Parcerias Público-Privadas.
O governo ainda afirmou "sua posição de absoluta transparência na gestão de recursos públicos".
O advogado de Bezerra Coelho, André Luís Callegari, afirma que "todas as operações referentes à licitação do estádio foram julgadas regulares" pelos tribunais de Contas da União e do Estado.
Coelho também é alvo de outros três inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
A defesa do senador pernambucano classifica as acusações como "absolutamente descabidas".
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