Sérgio Moro, que já não se acanha com nada que poderia ser constrangedor a um juiz com comportamento austero, foi a um evento promovido pela Petrobras que é, como se sabe, parte em muitos de seus processos.
E, chegando lá, perdeu definitivamente a compostura e sugeriu que a empresa pague – é isso mesmo, pague! – aos funcionários que se dispuserem a serem delatores.
“Talvez fosse o caso de pensar em incentivos à atuação dos denunciantes, inclusive compensação financeira, desde que apresentada informação verdadeira, relevante, que através dela seja desbaratado esquema de corrupção. Ninguém deve enriquecer com isso, mas o incentivo deve ser oferecido para tirar as pessoas da zona de conforto”.
É o “Bolsa Dedo Duro”, cujo potencial de injustiça e intriga qualquer um que tenha tido a experiência de trabalhar em qualquer empresa ou instituição é, certamente, capaz de avaliar.
Imagine só todo funcionário colocado diante da possibilidade de “ganhar algum” dedurando um colega ou um chefe?
Vamos ter ninhos de arapongas em toda parte.
E o que acontecerá com o funcionário que quiser se aproveitar do PAD – Programa de Incentivo ao Denunciante – e não tiver provas do que denuncia? Seria demitido ou protegido?
As empresas vão ficar iguais às delegacias de política – todas com uma “folha” de “dedos duros”, os famosos “X-9” – que convivem com o esquema escabroso dos alcaguetes profissionais, sempre montando armadilhas, num ambiente abjeto de bisbilhotagem.
A seguirmos a linha de pensamento do Dr. Moro, logo teremos pais pagando aos filhos para vigiarem os telefonemas das mães e filhas recebendo das mães para controlarem o comportamento dos pais.
Afinal, se “dedo duro” é algo tão bom, porque não ter um em casa?
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