Foram três anos de massacre.
Mais de mil dias de Moro, Dallagnoll, Bonner, condução coercitiva, escutas ilegais, Gilmar, Fachin,Veja, Globo, powerpoint, delatores, Kim, Japonês, Odebrecht, OAS, e de uma incrível história de que o homem que tomava conta da granja e daria guarida a que delas roubassem galinheiros inteiros teria, ele, roubado um frango; frango que não velou, não matou e não comeu.
Olhe que a acusação dispôs de tudo o que quis, de todos os canhões e mísseis listados acima, enquanto à defesa restavam comícios, seminários, debates, artigos e alguns blogs sem recursos na internet.
E, ainda assim, não se convenceu o povo.
Ainda que se acredite no Datafolha piamente, a fragilíssima maioria dos que acham que Lula “deveria ser preso” é formada, quase toda, por gente que acha que isso tem uma razão e um fim: que ele não ganhe a eleição presidencial.
Há nisso um problema que já está evidente a todos, menos ao que se lixam para o Brasil: Lula ganhou a eleição, mesmo que dela seja impedido de participar.
Senão com ele, ainda que com um indicado por ele, não haverá legitimidade em quem venha a vencer, não ao menos no horizonte posto e visível, hoje.
Ao contrário, porque a desarmonia entre os poderes que estamos assistindo resulta, essencialmente, de uma crise de legitimidade.
Que o enxovalhamento do poder Judiciário, com figuras como os Moro, os Bretas, os Gilmares e Barrosos, todos em busca do “campeonato da moral”, da promoção pessoal ou da afirmação de poder, só fez agravar, expondo-lhe as contradições.
Quando os juízes descem do pedestal algo mítico que a democracia ocidental lhes deu – e que Cármem Lúcia invoca ao dizer que as decisões judiciais estão acima de tudo – e se esparramam em perfis de Twitter, como Bretas, ou de Facebook, como o tal EuMOROcomele, ou se envolvem em bate-bocas televisados, a la BBB, em plena seção do STF, pretendem estar acima de alguma coisa?
Hoje, no caixa do supermercado, o assunto era o auxílio-duplex de Marcelo Bretas virou tema da espera na fila. Um cliente mais direitista, em vão, procurava defendê-lo, dizendo que “está na lei” e só o que ouvia-se é que “esses juízes são tão safados quanto os políticos”.
Esperavam o quê?
Querem que a população entenda e respeite o escandaloso favoritismo a uns e o tratamento impiedoso com outros?
É por isso que mídia, Justiça, poder e dinheiro fizeram tudo o que fizeram, ao longo destes três anos e não conseguem convencer senão a parte desinformada da população de que a mentira é verdade. Os outros, os que nutrem desprezo por este país e por seu povo, não se importam em saber que é mentira, desde que lhes seja útil para excluir Lula.
A outra metade, mesmo debaixo de um bombardeiro incessante, é aquela que sabem quem cuidou dela e que os seus detratores jamais lhe deram algo senão pobreza e abandono.
E age como o personagem da charge do Bennett, genial, aí de cima. À pergunta absurda, dá a resposta correta e firme.
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