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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Maciel faz muita falta

Na última quarta-feira, o ex-senador Marco Maciel (PFL) completou 75 anos de idade, mas poucos lembraram dele, provavelmente pelo fato do estágio avançado da sua doença. Ele sofre de alzheimer, enfermidade que identificou poucos meses após a sua derrota para o Senado em 2010.
Foi a sua primeira e única derrota, daí talvez o processo de depressão ter acelerado o alzheimer. Marco Maciel tinha 21 anos de idade e estava na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco quando começou sua primeira campanha política.
No ano seguinte, seria eleito presidente da União Metropolitana dos Estudantes, numa gestão marcada pela ruptura com a União Nacional dos Estudantes, a UNE, que à época, em meio às tensões políticas do governo João Goulart, tinha mais força que muitos partidos.
De lá para cá, construiu uma carreira pública de meio século na qual foi uma vez deputado estadual e duas vezes deputado federal, incluindo uma vitoriosa eleição que o transformou no mais jovem presidente da Câmara, aos 36 anos de idade. Teve ainda um mandato de governador, três de senador e dois de vice-presidente da República de Fernando Henrique Cardoso.
Foi um dos principais articuladores da chamada Frente Liberal, a dissidência do PDS, partido do regime militar, que garantiu a eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em 1985. Pelo trabalho, foi escolhido ministro da Educação e, depois, deslocado por José Sarney para a Casa Civil. Perdeu a primeira eleição de sua vida com 70 anos.
Uma biografia como de Maciel jamais pode ser derrotada por um motivo único. Mas o principal talvez seja o fato dele ter encarado a primeira eleição de sua vida estando na oposição – e o governismo de meio século é justamente o outro ponto marcante, quase folclórico, da carreira de Marco Maciel.

Na eleição anterior, em 2002, ele vinha com a força do governo federal, do qual fora vice-presidente por oito anos. E embalou com a campanha majoritária de Jarbas Vasconcelos, que seria reeleito governador de Pernambuco. Em 2010, disputou uma eleição sem o apoio de nenhum governo. O da capital estava nas mãos do PT e o estadual na de Eduardo Campos, do PSB, reeleito com uma das maiores votações proporcionais entre todos os governadores.
Mesmo com duas vagas de senador, Maciel sofreu com o favoritismo, desde o início da campanha, do ex-ministro de Lula, Humberto Costa, do PT, e depois com a arrancada, nos braços da coligação governista, do empresário Armando Monteiro. Marco faz muita falta ao País. Marcou sua passagem pela vida pública com ética, moralidade e correção.
Foi talvez o vice-presidente que mais ocupou o poder, interinamente, nunca causando problemas a FHC. Raramente quebrava a rotina da discrição. Uma das exceções ocorreu em junho de 1997 quando teve que tomar a decisão de colocar o Exército nas ruas de Belo Horizonte para sufocar uma invasão dos policiais militares grevistas ao Palácio da Liberdade. O confronto terminou com um morto.
Devorador contumaz de livros, Maciel, quando esteve na ativa, tinha aversão às modernidades virtuais. Nunca escreveu um discurso num computador, talvez porque jamais usou uma máquina de escrever com este propósito. Era um árduo defensor do papel e da caneta. Dizia: “Sou da grafosfera, não sou da videosfera”. “Por sorte, abandonei a caneta tinteiro e adotei a esferográfica.”
Marco Maciel merece todos os elogios por ser um dos líderes ligados ao regime militar que ajudou a derrubá-lo, apoiando a candidatura de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em 1985. Recebeu várias bênçãos das urnas após a volta da democracia, foi três vezes senador e durante oito anos vice-presidente da República, eleito democraticamente na chapa do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003). Por Magno Martins

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