Declarações de Costa repercutiram negativamente nas Redes Sociais |
O protesto das senadoras de oposição liderado pela presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, ocupando a Mesa Diretora do Senado, para obstaculizar a votação da Reforma Trabalhista, na tarde de ontem, foi alvo de pesadas críticas por parte do vice-líder da própria oposição na Câmara dos Deputados, o pernambucano Sílvio Costa, do PT do B.
Sílvio Costa chegou a declarar nunca ter visto "uma posição tão ridícula, irresponsável e vergonhosa" como a das senadoras Gleisi Hoffimann (PT/SC) - que recentemente assumiu a presidência do PT, após ser eleita com expressiva votação como candidata do ex-presidente Lula - , Fátima Bezerra (PT/RN), Regina Souza (PT/PI), Vanessa Graziotin (PC do B/AM) e Lídice da Mata (PSB/BA). Disse, ainda, que apesar dele, Sílvio Costa, trabalhar todos os dias para tirar Temer dali, daqui a pouco "a oposição brasileira vai ter vergonha de andar na rua".
O pernambucano ainda acusou as senadoras de oposição, de "apequenarem o Senado", chegando a dar razão ao peemedebista Eunício Oliveira, seu atual presidente: "Parlamento é lugar de parlar, de dialogar. Lamentavelmente tenho que concordar com o presidente Eunício Oliveira: nem na ditadura se viu uma situação dessas. Senadores almoçando na Mesa do Senado Federal. É possível que essa cena ridícula, hilária, pueril, rode o mundo."
De fato, nunca se viu nada igual! Enquanto os direitos mais sagrados da classe trabalhadora são vilipendiados, o que se vê é, não o vice-líder do governo, mas o vice-líder da oposição fazer coro com os vilipendiadores, numa inversão de valores "nunca antes vista na história deste país", transformar uma Mesa, a tal Mesa do Senado, em algo sagrado. Logo a Mesa do Senado, já tantas vezes prostituída por atos os mais abjetos, dentre os quais destaque-se a homologação do golpe parlamentar que cassou o legítimo mandato da presidenta Dilma, para dar lugar a ninguém menos que o fiador dessa malfadada reforma.
Então, sagrada é a Mesa onde se decide pala destruição do sagrado. Não se coma sobre a Mesa onde se decidiu maliciosamente pela retirada da comida da Mesa dos trabalhadores. Será esse o simbolismo oculto no inexplicável incômodo que soou, no mesmo diapasão, nos enfadonhos comentários de Eliane Cantanhêde e Merval Pereira, todos incomodadíssimos e em pesaroso desagravo à ofendida, qual seja, a imaculada Mesa?
Tempos obscuros em que uma mesa é mais sagrada do que direitos e mais sagrada do que a palavra empenhada.
Quem feriu a ética? As senadoras que comeram sobre a Mesa do Senado ou aqueles que se elegeram com milhões de votos de trabalhadores e lhes tiraram a comida de suas mesas?
Cabe registrar que nem todos somos idólatras da Mesa e do patrão, ufa! Afinal, há vida dissonante tocando em um tom bem diferente fora da Caverna! A Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco, por exemplo, lançou nota pública em "Solidariedade à classe trabalhadora, ao povo brasileiro e às senadoras que lutaram por nossos direitos":
"A Central Única dos Trabalhadores (CUT-PE) presta sua solidariedade ao povo brasileiro pela trágica aprovação da reforma trabalhista do governo golpista de Michel Temer, hoje, no Senado Federal. Também somos solidários com as senadoras brasileiras que resistiram até quando foi possível, ocupando a Mesa Diretora do Senado, em defesa da classe trabalhadora desse país. Mulheres de luta, de vários partidos políticos, estados e origens, mas que souberam se unir contra os prepostos da classe dominante brasileira, que hoje, nesse triste dia 11 de julho, aprovam a total destruição das leis trabalhistas brasileiras.
O que a maioria do Senado Brasileiro fez hoje foi retirar direitos de quem ganha até dois salários mínimos. O que a maioria vergonhosa do Senado fez hoje foi colocar a mulher em situação de maior vunerabilidade, foi ameaçar as férias, foi diminuir salários e liberar o assédio e a pressão contra o trabalhador.
Senadores desocupados esses que aprovaram tamanho ataque aos nossos direitos. Esses que nunca comeram uma marmita debaixo do sol. Que nunca pegaram um ônibus lotado às 4h da madrugada, que nunca caminharam mais de légua para chegar ao trabalho. Senadores que pagarão o preço histórico de terem traído seu povo em nome de uma classe empresarial retrógrada e de uma aristrocracia do serviço público à serviço do capital.
Ao mesmo tempo em que estamos em profundo luto pelo povo brasileiro, redirecionamos nossas forças para permanecer na luta, agora, mais radical. Denunciando os traidores, ocupando as ruas e praças e lutando para reverter mais esse retrocesso que se soma a uma centena desde que esse consórcio golpista ocupou o poder central no Brasil.
A CUT-PE vai continuar na luta, vai continuar em marcha. Não daremos nenhum passo atrás, porque a classe trabalhadora unida há de passar por mais esse obstáculo.
A DIREÇÃO"
A professora da Faculdade de Direito e ativista feminista Liana Cirne, que deve se filiar ao PT nos próximos dias e disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, também manifestou sua indignação, pelas Redes Sociais, com as críticas de Sílvio Costa às senadoras de oposição:
"Lastimável a crítica de Silvio Costa às bravas senadoras que ocuparam a mesa do senado para impedir que a reforma trabalhista fosse aprovada.
Ora, ora, Silvio Costa. Num momento em que todas as vozes das famílias de trabalhadores são silenciadas, vamos deixar os ladrões da nação tratorar a legislação brasileira enquanto 'parlamos' e bebemos o chá da tarde?
Queria que nossos líderes da oposição fossem a metade das mulheres que Fátima Bezerra, Gleisi Hoffmann e Vanessa Grazzio...tin são.
Não há perdão para aqueles que tentam transformar em sagrado o que é vil e profano.
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