As anunciadas, desautorizadas e repetidas propostas econômicas de Paulo Guedes, previamente entronizado por Jair Bolsonaro como “Posto Ipiranga” da Fazenda, estão causando muito desgaste ao candidato,mas nem perto do que poderia estar acontecendo, não fosse a cumplicidade da mídia e do mercado com o projeto de implantar, pelo voto, uma ditadura de direita no Brasil.
As propostas são piores do que se anuncia: a taxação de lucros e dividendos será acompanhada de um corte generoso no Imposto de Renda das empresas, trocando seis por meia-dúzia no que tange aos mais ricos. Já o imposto de renda unificado implicará em alíquotas maiores para os de menor renda e menores para os mais ricos. E a nova CPMF, que o candidato agora nega de pés juntos, embora eficiente no sentido arrecadatório, vai transformar impostos diferenciados em uma vala comum de efeito cascata nas relações econômicas.
É, convenhamos, dose de elefante para um “mercado” que esperava de seu candidato uma quase completa ausência do Estado na economia e que se limitasse à função de destruir os movimentos sociais, os direitos sociais e trabalhistas e arrochasse os salários, “apenas”.
Claro que se fosse outro candidato, a esta altura jornais e televisões já estariam tratando do caso como um “confisco” e uma camada de empresários estaria ameaçando deixar o país por conta da taxação de seus lucros.
Bolsonaro, porém, conta com a estranha indulgência de um sistema que de gente que o vê como ele é: destinado a completar eleitoralmente o serviço sujo de desmantelar um projeto de nação, que logo será substituído – acham eles – por alguém menos ignorante.
Só por isso está tudo bem com o “cala a boca, Guedes” que ele deu. Ninguém se importa que o seu grupo seja um amontoado de imbecis, primários violentos, mesclado com picaretas e aventureiros.
É apenas transitório, descartável como foi, há quase 30 anos, Fernando Collor.
Madalena França via Tijolaço.
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