Evitei tocar aqui na “treta” entre Olavo de Carvalho e Silas Malafaia sobre qual dos dois “ajudou mais” a eleger Jair Bolsonaro, até porque não há dúvidas que o fundamentalismo neopentecostal é dono deste “laurel”.
Mas esta história acabou por provocar uma reflexão: afinal, porque o presidente da República dá a Carvalho, que não tem votos nem de Feliz Ano Novo, prestígio tamanho que o faz entregar-lhe o Ministério das Relações Exteriores e , sobretudo, o finado Ministério da Educação, atualmente interditado até que se resolvam as querelas do “olavismo”?
Certamente não é por ideologia, o que diz abominar, nem pela filosofia que o homem da Virgínia – com o perdão do ator Lee J. Cobb – Filosofia, pra Bolsonaro, é algo que deve ter relação com “filar” alguma coisa de alguém e Olavo de Carvalho não tem importância, apenas serventia.
Mas a burrice que exsuda do ex-capitão não deve enganar aos que não acreditam no seu tino político transtornado.
É que Bolsonaro não sabe e não quer reunir apoios, quer reunir adeptos, fanáticos, incondicionais e nisso ele não é bom, é ótimo. E nisso, elementos como Olavo são essenciais.
É isso que a elite intelectual brasileira, depois da vergonha de ter posado de “isentona” frente à disputa eleitoral de 2018, com a desculpa da “autocrítica” ou de quem ambos, ele e Haddad, eram “radicais”, não consegue compreende.
Jair Bolsonaro não é apenas tosco, inábil , incapaz de articular um governo ou de propor algum tipo de política de governo.
Ele é o líder e formador de uma matilha fundamentalista, que tem como projeto formar maioria pela intimidação e que, para isso, aposta na formação de falanges e histerias.
Sabe que num diálogo político civilizado ficará reduzido ao nada que é e, portanto, precisa do confronto acima de tudo.
Os exemplos do passado mostram que os tiranos precisam muito menos de virtudes políticas e comportamentais e muito mais da construção permanente de “inimigos”.( Tijolaço)
Por Madalena França
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