"A Lava Jato nada mais é do que um grupo de trabalho", disse Gilmar Mendes
© Ueslei Marcelino / Reuters
POLÍTICA STF
LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) - Ao comentar a decisão do Conselho
Nacional do Ministério Público de abrir inquérito sobre a conduta do procurador Deltan
Dallagnol, da Lava Jato, o
ministro Gilmar Mendes (STF) afirmou que a operação se transformou em um partido
político.
"A Lava Jato nada mais é do que um
grupo de trabalho. Mas, por um vício,
esses vícios comuns a nós, ela virou na
verdade uma instituição, um partido
político."
O conselho do Ministério Público
decidiu, na terça (23), apurar a conduta de
Dellagnol. Em entrevista à
rádio CBN, em agosto de 2018, o procurador disse que três ministros do STF -Dias
Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski-
formavam uma "panelinha" que "manda
uma mensagem muito forte
de leniência a favor da corrupção".
Para Gilmar, houve uma tentativa de reduzir o teor das declarações de Dallagnol sobre o Supremo.
"Acho que a mídia está até minimizando isso. O que ele disse é que a turma [do
Supremo] passava uma mensagem favorável de leniência quanto à corrupção, esta foi a
imputação dele. E, depois disso, que
formava uma panelinha. Foi por isso que houve a representação", disse.
O ministro do Supremo Tribunal Federal criticou também a tentativa de criação de uma
fundação, em Curitiba, ligada à força-tarefa. A iniciativa acabou abortada após a repercussão
negativa do projeto.
"Eles teriam 100 milhões de euros para brincar de agentes sociais", avalia. "Era a
brincadeira que Dallagnol teria para fazer política, talvez para fazer campanha e coisas do
tipo", completou.
Gilmar falou ainda sobre supostos abusos da Lava Jato, que teria criado uma espécie
de constituição própria em Curitiba. "Acho que o poder envolve responsabilidade para
todos. Foi o que disse ontem:
estado de direito não convive com soberanos. Na medida que alguém descola e passa a operar sem ter que prestar
contas a ninguém vira soberano. Passou a existir o que brinquei: a constituição de Curitiba."
Para o ministro, o Brasil vive um momento de pequenas mudanças positivas contra os
abusos judiciais. "Essas coisas precisam ser delimitadas e devagar as coisas estão sendo colocadas nos trilhos, mas houve
muitos abusos nos últimos anos em nome do combate à corrupção."
O ministro conversou com a imprensa nesta quarta (24), último dia do 7º Fórum de Direito
de Lisboa, organizado pelo IDP em parceria com a Fundação Getúlio Vargas
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