Temer mudou de ideia novamente nesta semana e decidiu viajar para Hamburgo, na Alemanha, para participar da reunião do G20 nos dias 7 e 8 de julho. Ficou de fora, contudo, do programa de imprensa da cúpula, que lista presidentes como o argentino Mauricio Macri e o russo Vladimir Putin ao lado do ministro brasileiro Henrique Meirelles, conforme relata a Folha.
Além do Brasil, a Arábia Saudita também foi representada na lista por um ministro, Ibrahim Abdulaziz al-Assaf, que substitui o rei Salman.
No dia 28 de junho, o Planalto havia confirmado que o mandatário não iria mais para a reunião com os líderes das 20 maiores economias do mundo. O motivo do cancelamento não foi informado. Diário Oficial da União (DOU) publicado na segunda-feira (3) publicou que, além de Temer, iriam para a Alemanha o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e assessores.
O grupo G20 é composto por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia - além da União Europeia.
Só para recordar
Há oito anos o então presidente Lula era saudado por seu colega Barack Obama, na reunião dos líderes das vinte maiores economias do planeta, o G20, em Londres, como "o cara".
James Green, historiador, diretor da Brazil Initiative da Universidade de Brown Para Green, um dos mais reconhecidos brasilianistas na academia americana e duro crítico do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que considera um golpe de Estado, o Brasil chega menor ao G20 muito mais por conta da crise política interna do país do que pela crise econômica. "O governo que chega a Hamburgo é identificado com a corrupção e a falta de legitimidade política e representação popular, e isso é claramente percebido pelas lideranças mundiais.
Por isso mesmo, é impossível que Temer tenha qualquer importância internacional." O historiador diz que o trabalho de projeção internacional, incrementado durante o governo Lula (2003-2010), da imagem do país-continente, com economia diversificada e liderança regional natural e forte, com a defesa de uma atuação independente do Itamaraty, tinha como alicerce o enorme apoio popular dado ao "cara". Agora o cenário é o oposto, ele acredita, com uma agenda internacional tímida e um chefe de Executivo com reprovação recorde. "Temer não tem as qualidades necessárias para promover o Brasil no exterior.
Acredito que ele será marginalizado em Hamburgo. E paira a dúvida, para além de questões graves como a legitimidade e as acusações de corrupção, a dúvida na cabeça de todos: qual a real duração do mandato de Temer? Até quando ele fica?" Green diz que a política externa não é o forte do governo Temer, e aponta a nomeação do senador José Serra (PSDB) como chanceler de seu governo (depois substituído pelo também senador paulista tucano Aloysio Nunes) um dos muitos equívocos da presidência do peemedebista: "Serra foi muito fraco e viu o Itamaraty como um trampolim para eventuais saltos políticos no futuro, mas não deu certo.
A política externa do governo Temer carece de energia. É um momento complicado para o Brasil ir ao G20, já que a imagem que vem de Brasília é a falta de rumo. Não será desta vez, em Hamburgo, que o papel importante do Brasil como um dos principais representantes dos chamados países emergentes será restabelecido."