Por Fernando Brito, do Tijolaço - Desenvolveu-se na imprensa brasileira uma prática que a Globo leva, quando interessa, ao extremo.
Quando passaram a dar o nome de “sabatina” às entrevistas com os candidatos a cargos públicos, era simples consequência que os entrevistadores tomassem a si o papel de “professores” oniscientes e prontos a dar “certo ou errado” às respostas. Ou, como maus mestres, fazerem perguntas do tipo “pegadinha” para constranger o interlocutor.
Já era ruim. Mas ontem, na Globonews, o que se viu com (ou contra) Fernando Haddad foi pior.
Miriam Leitão, Merval Pereira e, em ordem decrescente de empáfia, Gerson Camarotti, Cristiana Lôbo, Fernando Gabeira e Heraldo Pereira portaram-se, ao receber Fernando Haddad, como padres inquisidores.
Não apenas interrompiam raciocínios e respostas – coisa comum para quem acha irrelevante o que o outro diz – como exigiam adesão às suas teses políticas e econômicas e exigiam “confissões de culpa”.
Haddad foi “tranquilão”, como sempre e deu bons nós nos seus inquisidores, sem perder a linha ou tergiversar nas questões essenciais.
Acabou ficando na posição simpática do sujeito que sofre uma tentativa de linchamento e escapa dela sem reproduzir a selvageria.
Era visível o constrangimento de Merval Pereira diante da reversão da pergunta sobre a recusa da lava Jato em ouvir o advogado Rodrigo Tacla Durán, chamando-o de “foragido”, mesmo sabendo que a Justiça espanhola recusou-se a extraditá-lo, por sua dupla cidadania, e que a Interpol o retirou da lista de procurados em que Moro o colocara.
O programa, apesar do desempenho de Haddad, foi lamentável para o jornalismo.
Os que deveriam deixar serem ouvidas as opiniões do candidato, afinal, tornaram-se exegetas da “Ordem Política, Econômica e Social”. Ao menos, quebraram a cara.
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