Começa a se tornar palpável a impressão de que Jair Bolsonaro não empenhará toda as sua forças na aprovação da reforma da Previdência.
A busca por conflitos e polêmicas dos últimos dias é o inverso do que se esperaria de um presidente que estivesse dedicado a envolver as forças políticas necessárias a ter dois terços dos votos na Câmara dos Deputados.
Suas declarações de que a reforma é uma necessidade soam burocráticas e formais, mais interessadas em se apresentar como promotor de uma igualdade que não acontecerá do que em convencer que a Previdência reformada traria uma retomada econômica, o que é duvidoso, aliás.
Também aponta neste sentido o sumiço de Paulo Guedes, o “Queiroz da Fazenda”, que vai a um ou outro convescote de executivos, mas que não entra na polêmica.
Bolsonaro está, nitidamente, tentando reagrupar suas hostes. Em sua live de hoje, uma dezena de temas, rasamente “populares”, com uma abertura destinada a “esclarecer” seu arroubo autoritário com as Forças Armadas – aliás, colocando dois generais a fazem o papel de “múmias paralíticas” (salve, Agildo Ribeiro!) ao seu lado – e depois com um pot-pourri de assuntos que iam desde o aumento da validade das carteiras de motoristas às bananas do Vale da Ribeira, passando ela industria de multas dos “pardais” de velocidade nas estradas.
Tudo é produzido de maneira tosca, com som deficiente e imagem pobre, e não é por acaso.
Criam-se “memes”, não se discute ou se convida a discutir problemas nem se busca o convencimento. Não vai à TV, como o aconselharam, porque nem mesmo ela é seu meio: seu meio são as redes sociais e o Fla-Flu que elas engendram.
É o firehosing em ação, uma técnica de marketing que roubou o nome das mangueiras de incêndio: esguicha com tanta força e com tanto movimento que é impossível se desviar dela.
Bolsonaro recua para seu “núcleo duro”, os milhões de fanáticos que a manipulação da mídia, durante anos, construiu em nosso país.
Se isso lhe dará a maioria necessária no Congresso para aprovar a Previdência, não sei. Também não críamos que onda avassaladora de fanatismo fosse suficiente pela fazer o golpe do impeachment, e foi.
Bolsonaro pode perder votações no Congresso, isso não lhe é essencial. Essencial é o magnetismo que exerce sobre a estupidez nacional que ele representa.(Tijolaço).
Madalena França
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