19 de março de 2019
O deputado Enio Verri (PT-PR) faz grave denúncia nesta terça-feira (19): “Bolsonaro governa para os EUA, os brasileiros estão com fome.”
Para o parlamentar, além de declarar que vai “desconstruir” e “desfazer” o que foi feito no Brasil, Bolsonaro anunciou nos Estados Unidos a abertura da Amazônia e a entrega da base de Alcântara para Donald Trump.
Leia a íntegra do artigo:
Bolsonaro ofende o Brasil e os brasileiros
Enio Verri*
A elite não abandona o modo de produção escravocrata. Infelizmente, este gigante, vasto em recursos energéticos, como água, petróleo e urânio, minério radioativo para o qual o Brasil desenvolveu uma maneira própria de enriquecimento, é controlado por uma minoria, não mais que 10% da população, que têm medo, ou preguiça, ou ódio de fazer este País crescer com distribuição justa e democrática dos recursos energéticos para os mais de 209 milhões de brasileiros. O presidente do banco que lucrou R$ 19 bilhões, em 2018, 30% a mais que em 2017, e que não paga um centavo de Imposto de Renda da Pessoa Física (PRPF) do lucro que aufere das aplicações financeiras, enquadrou Bolsonaro e determinou que o presidente foque na reforma da Previdência e entregue que prometeu, a privatização da Seguridade Social.
O presidente, perto de 80 dias de governo, é só contradição entre o que o elegeu e a prática do seu governo. Um dos sentimentos, além da intolerância, que forjaram a campanha de Bolsonaro foi o nacionalismo. Porém, o seu compromisso com a banca e a sua devoção à bandeira americana solapam a esperança de seus eleitores verem um presidente investindo na produção da indústria local. Pelo contrário, a ideia é um saldão de ofertas. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já sugeriu que pode se desfazer de todas as empresas públicas, por R$ 2 trilhões, 60% do orçamento. Não é preciso ser economista para compreender que isso é um crime de lesa-pátria. Ferramentas imprescindíveis para a construção de uma nação desenvolvida e soberana são entregues, de graça, como se fosse um grande negócio e muito benéfico para o Brasil.
Estão na mira das privatizações, BNDES, CEF, BB, Petrobras, Eletrobras, entre outras empresas que financiaram safra agrícola, transposição do Rio São Francisco, Minha Casa Minha Vida, FIES, Bolsa Família, programas desenvolvidos pelo Partido dos Trabalhadores que conduziram o País, da 16ª para a 6ª economia mundial. Nos EUA, durante um jantar, Bolsonaro se desfez do País e dos brasileiros, ao dizer que, no Brasil, há muito o que “desconstruir” e “desfazer”. Para um presidente plutocrata, tirar 40 milhões de brasileiros da fome, levar água para 12 milhões e colocar cinco milhões de filhos de pobres nas universidades é um escombro econômico, social e cultural. Declarou, ainda, que pretende abrir a Amazônia a outras nações, entregou a base de Alcântara aos EUA, com o compromisso de o Brasil não desenvolver tecnologia e liberou o visto para os americanos entrarem no País, sem exigir recíproca no tratamento.
Não satisfeito, Bolsonaro aprofundou a humilhação e autorizou o FBI e outras agências de controle e vigilância dos EUA a acessarem o Whatsapp e o Facebook dos brasileiros. Isso tem nome e não é altivez, galhardia, autoestima elevada, ou respeito por si. Enquanto Bolsonaro governa para os EUA, os brasileiros estão com fome. Já passam dos 2,5 milhões na miséria; a economia está parada; há 27 milhões de pessoas desempregadas ou subempregadas e a produção industrial, em 13 de 26 ramos, recuou 2,6%, desde 2018. A economia vai reagir depois de aprovada a reforma da Previdência. Criar empregos, agora, haverá consumo e arrecadação para a Seguridade Social, e isso pode dar motivo para a oposição demonstrar, mais uma vez, que não há déficit e que essa reforma não passa de um duro ajuste fiscal cujo R$ 1 trilhão será pago, majoritariamente, por quem ganha até dois salários mínimos.
A população de vários estados, mas, principalmente dos pequenos é médios municípios, entrará em processo de miserabilidade. A principal fonte de receita de 70% das 5.566 cidades brasileiras é do INSS. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), apenas 5% dos agricultores familiares estão inscritos como tais, no Cadastro Nacional de Informações sociais (CNIS). De acordo com a confederação, o aumento da idade, de 15 para 20 anos, e o recolhimento de R$ 600 anuais, vão impedir 90% dos trabalhadores da agricultura familiar de se aposentarem.
No plano externo, o presidente se desfaz da nação, entrega a soberania e abre o País aos interesses de outros povos, como se o brasileiro fosse um povo de segunda classe. No plano interno, age deliberadamente para entregar o controle do PIB aos bancos, à custa do empobrecimento geral da população. A história desconhece país e povo que tenham se desenvolvido, se colocando como menores e desprovidos do direito à autodeterminação do seu desenvolvimento. Todo país que aliena a sua soberania à outra nação não se desenvolve econômica e socialmente. O aumento na percentagem, de 17% para 24%, das pessoas que consideram o governo Bolsonaro ruim, ou péssimo, revela que a sociedade está sabendo dos efeitos deletérios das propostas e ações de um governo que está a serviço do mercado financeiro para a população pagar a conta. A informação está chegando, o que falta é gente ocupando todas as ruas deste País.
*Enio Verri é economista e professor licenciado da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do estado do Paraná.( Esmael Morais)
Por Madalena França
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