Por Fernando Brito, do Tijolaço -Na onda reacionária que avassala o Brasil, surfam os projetos para reduzir a já parca participação das mulheres na política, propondo acabar com a cota de 30% de candidatas, já muito pouco frente a um contingente que é de mais da metade da população.
Próximo a este Dia Internacional da Mulher, a coisa ganhou força, com a revelação do esquema de extorsões e desvio de dinheiro do Fundo Eleitoral usando de candidatas "laranja" pelo partido de Jair Bolsonaro, em Minas e em Pernambuco, que se tenha descoberto até agora.
Uma coisa, é óbvio, nada tem a ver com a outra. Os mesmos desvios poderiam ser (e às vezes são) feitos com candidaturas masculinas.
O problema é que, nos últimos anos, a misoginia anda em voga em nosso país. Nos protestos anti-Dilma, não apenas não faltou este componente como, várias vezes, ele se expressou de forma grosseiramente explícita.
E não parou, ou já se esqueceram dos "filhos desajustados criados só pela mãe ou avó"?
Um dos maiores obstáculos ao crescimento da participação política da mulher, com certeza, está na desqualificação dos partidos como ferramentas da política. Os partidos são o aprendizado das relações políticas, das idéias programáticas, da visão de mundo. Da tal agora maldita "ideologia".
Outro, derivado deste, é a natureza "avulsa" que tomam as candidaturas. Nos países onde o sistema de listas partidárias nas eleições é regra, a participação das mulheres nos parlamentos é sensivelmente superior: a disputa interna em partidos organizados é muito mais dependente da atuação política do que de recursos financeiros e capacidade de reuni-los no meio dos que o têm para dar: empresas ou empresários.
Para quem se interessa pelo tema, indico o estudo Participação Política de Mulheres na América Latina: o impacto de cotas e de lista fechada, de 2016, elaborado por Alexandre Spohr, Cristiana Maglia, Gabriel Machado e Joana Oliveira, todos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que reúne dados e comparações.
Infelizmente, nada animadoras quanto ao Brasil.
Por Madalena França
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