O mercado financeiro, sempre oportunista na hora de compar e vender, parece ter adotado a tese de que o governo Jair Bolsonaro é, como disse Fernando Henrique de Michel Temer, “é o que temos” e não o sonho que Paulo Guedes – como antes Henrique Meirelles – oferecia.
Com uma diferença, porém. Começa a haver um sentimento neste setor de que existe uma possibilidade de que o governo possa entrar numa espiral caótica – de natureza diferente, mas de consequências semelhantes – àquela que, a duras penas, conseguiu-se neutralizar no governo passado.
Já não se sabe até que ponto Paulo Guedes tem o comando das decisões econômicas, apesar das seguidas “confissões” de Jair Bolsonaro de que “não entende de economia”.
Os indicadores de atividade econômica – como o IBC-BR, do Banco Central, divulgado hoje, de – 0,73% – dizem mais do que as previsões de final de ano, que também pioram. Eles apontam para um marasmo, para dizer o mínimo, com viés de redução no nível de produção e de negócios.
O pessimismo se tornou indisfarçável e é pouco provável que haja, hoje, a prometida aceleração da aprovação da reforma previdenciária na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Muito ao contrário, já está entrando nas contas que a votação não só ficará para após a Semana Santa como pode atrasar ainda mais, se o governo mantiver a tática de não aceitar mudanças agora.
O Valor Econômico, na sua edição de hoje, fala de um placar interno (do governo) que um placar interno sobre a PEC da Previdência que “mostra que há um grande número de apoios parciais ao texto entre parlamentares que não são da oposição na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)” e que “esses deputados estariam dispostos a votar modificações no texto”.
A situação das expectativas na economia hoje não são a de que “a coisa vai melhorar”, mas a de que “está ruim e pode piorar”.
A tarde de hoje – na Câmara e na reunião Bolsonaro-Guedes, no Planalto – vai mostrar se os danos estão contidos ou vão seguir se agravando.
Madalena França via Tijolaço
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