Por Moisés Mendes
Nem precisaria ser repetido, pela obviedade do argumento, que a Anvisa poderia pegar em flagrante, na saída do hotel, os quatro argentinos que burlaram as regras sanitárias.
O show em campo foi um pastelão de quinta categoria. A Polícia Federal não acha Zé Trovão, mas consegue encontrar quatro argentinos numa seleção de argentinos dentro de um campo de futebol
O Brasil convive com a maior gandaia da pandemia no governo, nas ruas, em clubes, festas, em bares, na praia. O negacionismo é do cotidiano do alienado futebol brasileiro.
Testemunhamos todos os dias o exibicionismo grotesco de Bolsonaro, sem máscara, seguido de ministros e seguranças sem proteção, sempre combatendo a ciência e a vacina.
Fizeram um evento da extrema-direita em Brasília em que todos, incluindo autoridades do governo, circulavam sem máscara. A Anvisa vai dizer que isso não é com ela, que só trata de transgressões de jogadores argentinos. Mas seria com ninguém?
A Anvisa fez a performance do xerife de Bolsonaro num estádio, ao vivo, só porque os jogadores são argentinos. Não fariam nada se fossem venezuelanos, ucranianos, chilenos ou dinamarqueses.
O interessante é que parte da esquerda das redes sociais, por achar que a Anvisa é vista como organização legalista, defendeu a ação espalhafatosa dos fiscais de Bolsonaro.
Essa esquerda acha que as leis devem ser cumpridas e que precisamos aplaudir ações, mesmo que tardias, na direção da proteção coletiva. É muita ingenuidade. Bolsonaro jogou para a torcida que o espera na Avenida Paulista na terça-feira.
A esquerda que exalta os homens da Anvisa acaba aplaudindo Bolsonaro e dando corda ao fascismo excitado pelo show no estádio antes do porre golpista do 7 de setembro
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