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quinta-feira, 20 de julho de 2017

Funcionária de salão de beleza é humilhada por não celebrar condenação de Lula


Recepcionista de 'salão de beleza de madames' no Rio de Janeiro disse que “não acha nada” da condenação de Lula, foi chamada de “petista”, humilhada e quase perdeu o emprego. Estabelecimento é frequentado pela esposa e filhas de Eduardo Cunha, além de atrizes e socialites

salão de beleza crystal hair
Colorista que pediu a cabeça de recepcionista costuma tratar das madeixas de atrizes, socialites e filhas de políticos, como Barbara Cunha, herdeira do deputado Eduardo Cunha, preso da Lava Jato.
O veterano jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, publicou em sua coluna nesta quarta-feira (19) que uma recepcionista de um salão de beleza em Ipanema, no Rio de Janeiro, foi demitida por não ter posicionamento claro a favor da condenação do ex-presidente Lula pelo juiz Sergio Moro.
Segundo Ancelmo, na última semana, logo após a divulgação da condenação do ex-metalúrgico, uma colorista/cabeleireira de um ‘salão de madames’ em Ipanema, na Zona Sul da cidade, perguntou à recepcionista o que ela achava da decisão do juiz da Lava Jato.
A funcionária, discreta, respondeu que “não achava nada”. Foi o suficiente para ser chamada de “petista”.
“Em seguida, a cabeleireira — que tem, entre seus clientes, as duas filhas de Eduardo Cunha — foi até o dono do salão: ‘Não quero ficar olhando para a cara dessa recepcionista petista'”, relatou o jornalista.

“Fui humilhada”

Por alguma razão, o colunista do Globo não divulgou os nomes das partes envolvidas em seu texto. Alguns leitores entraram em contato com a redação de Pragmatismo Político e enviaram informações adicionais sobre o episódio.
O nome do salão de beleza é o Crystal Hair. A recepcionista humilhada e que quase perdeu o emprego é Andressa. A colorista/cabeleireira que pediu a cabeça de Andressa por supor que ela é ‘petista’ chama-se Branca Lorenzo.
O caso já repercute nas redes sociais e a colorista Branca, que costuma divulgar imagens ao lado de sua cliente Barbara Cunha, filha de Eduardo Cunha (imagem acima), colou em ‘modo privado’ sua conta pessoal no Instagram
A página do Facebook do salão Crystal Hair tem recebido uma enxurrada de críticas e avaliações negativas.
Nas redes sociais, a recepcionista Andressa divulgou um depoimento sobre tudo o que aconteceu. Leia abaixo.
Boa noite. Meu nome é Andressa. Trabalho de recepcionista no salão Crystal Hair. Salão que atende a classe alta do Rio de Janeiro e o mesmo que é frequentado por vários personagens envolvidos na Operação Lava jato. Pois é, esse mesmo salão o qual o meu emprego está comprometido pelo simples fato de não ter uma opinião formada sobre a condenação do Lula. Escute a minha história. Nesta quarta feira, por volta das 15 horas, estava trabalhando na recepção do salão quando eu e meu colega de recepção fomos abordados por uma colega de trabalho, uma colorista muito conhecida que cuida das madeixas de várias socialites, atrizes e outras pessoas influentes. Ela nos perguntou sobre o que pensávamos sobre a condenação do Lula. Eu e meu colega respondemos que não achamos nada. No mesmo momento fomos ofendidos por essa mesma colega que nos chamou de ‘ignorantes e petistas’. Seria uma situação que passaria desapercebida se essa mesma colorista não tivesse como clientes vips as duas filhas do Eduardo Cunha e até a sua esposa, sem falar da esposa do Eduardo Paes, entre outras do mundo político, as quais frequentam o salão e são clientes fiéis dessa colorista. NÃO PARA POR AÍ. Essa colorista procurou o gerente e o dono do salão e simplesmente pediu a minha cabeça pelo simples fato de eu não concordar com a visão política dela. O termo usado foi “tira ela daqui porque eu não quero ficar olhando para a cara dessa recepcionista petista.” Concluindo, fui transferida de setor e orientada a evitar o encontro com ela pelos corredores do salão, porque a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Ela é um dos maiores faturamentos do salão e eu sou uma simples recepcionista. Passei por todo esse constrangimento, fui humilhada e nem votei no PT nas eleições. Recorro a você para me ajudar e divulgar a minha história. Desde já, agradeço.
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