Recepcionista de 'salão de beleza de madames' no Rio de Janeiro disse que “não acha nada” da condenação de Lula, foi chamada de “petista”, humilhada e quase perdeu o emprego. Estabelecimento é frequentado pela esposa e filhas de Eduardo Cunha, além de atrizes e socialites
Colorista que pediu a cabeça de recepcionista costuma tratar das madeixas de atrizes, socialites e filhas de políticos, como Barbara Cunha, herdeira do deputado Eduardo Cunha, preso da Lava Jato.
Segundo Ancelmo, na última semana, logo após a divulgação da condenação do ex-metalúrgico, uma colorista/cabeleireira de um ‘salão de madames’ em Ipanema, na Zona Sul da cidade, perguntou à recepcionista o que ela achava da decisão do juiz da Lava Jato.
A funcionária, discreta, respondeu que “não achava nada”. Foi o suficiente para ser chamada de “petista”.
“Em seguida, a cabeleireira — que tem, entre seus clientes, as duas filhas de Eduardo Cunha — foi até o dono do salão: ‘Não quero ficar olhando para a cara dessa recepcionista petista'”, relatou o jornalista.
“Fui humilhada”
Por alguma razão, o colunista do Globo não divulgou os nomes das partes envolvidas em seu texto. Alguns leitores entraram em contato com a redação de Pragmatismo Político e enviaram informações adicionais sobre o episódio.
O nome do salão de beleza é o Crystal Hair. A recepcionista humilhada e que quase perdeu o emprego é Andressa. A colorista/cabeleireira que pediu a cabeça de Andressa por supor que ela é ‘petista’ chama-se Branca Lorenzo.
O caso já repercute nas redes sociais e a colorista Branca, que costuma divulgar imagens ao lado de sua cliente Barbara Cunha, filha de Eduardo Cunha (imagem acima), colou em ‘modo privado’ sua conta pessoal no Instagram
A página do Facebook do salão Crystal Hair tem recebido uma enxurrada de críticas e avaliações negativas.
Nas redes sociais, a recepcionista Andressa divulgou um depoimento sobre tudo o que aconteceu. Leia abaixo.
Boa noite. Meu nome é Andressa. Trabalho de recepcionista no salão Crystal Hair. Salão que atende a classe alta do Rio de Janeiro e o mesmo que é frequentado por vários personagens envolvidos na Operação Lava jato. Pois é, esse mesmo salão o qual o meu emprego está comprometido pelo simples fato de não ter uma opinião formada sobre a condenação do Lula. Escute a minha história. Nesta quarta feira, por volta das 15 horas, estava trabalhando na recepção do salão quando eu e meu colega de recepção fomos abordados por uma colega de trabalho, uma colorista muito conhecida que cuida das madeixas de várias socialites, atrizes e outras pessoas influentes. Ela nos perguntou sobre o que pensávamos sobre a condenação do Lula. Eu e meu colega respondemos que não achamos nada. No mesmo momento fomos ofendidos por essa mesma colega que nos chamou de ‘ignorantes e petistas’. Seria uma situação que passaria desapercebida se essa mesma colorista não tivesse como clientes vips as duas filhas do Eduardo Cunha e até a sua esposa, sem falar da esposa do Eduardo Paes, entre outras do mundo político, as quais frequentam o salão e são clientes fiéis dessa colorista. NÃO PARA POR AÍ. Essa colorista procurou o gerente e o dono do salão e simplesmente pediu a minha cabeça pelo simples fato de eu não concordar com a visão política dela. O termo usado foi “tira ela daqui porque eu não quero ficar olhando para a cara dessa recepcionista petista.” Concluindo, fui transferida de setor e orientada a evitar o encontro com ela pelos corredores do salão, porque a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Ela é um dos maiores faturamentos do salão e eu sou uma simples recepcionista. Passei por todo esse constrangimento, fui humilhada e nem votei no PT nas eleições. Recorro a você para me ajudar e divulgar a minha história. Desde já, agradeço.
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