Como colônia, o Brasil não tinha moeda com nome próprio, mas tinha moeda de fabricação própria desde que, em 1695, foi proibida a circulação de moeda portuguesa e espanhola no país e a recém-fundada casa da Moeda, na Bahia, começou a produzir as “duas patacas” de prata.
Proclamou-se a independência, mas a unidade monetária continuou a ter o nome da portuguesa: o real, réis, no plural, que duraram (naturalmente perdendo valor e virando mil-réis e depois conto-de-réis (um milhão de) até o final do Governo Vargas.
Até os anos 70, embora tivéssemos a capacidade técnica de produzir cédulas, não as podíamos fazer nem na variedade nem na quantidade necessárias.
Começamos com a de cinco cruzeiros, a nota do índio, valor que depois das mudanças monetárias ficaria com o Barão do Rio Branco, em cédulas da inglesa Thomas de La Rue, uma das muitas estrangeiras que imprimiu nossas cédulas.
Sempre foi um desafio para nosso país conseguir produzir seu próprio papel moeda e só nos anos 70, na série que tinha Pedro II na nota de dez cruzeiros (os cinco eram com Pedro I) é que nos tornamos autossuficientes na produção de meio circulante.
Desenvolvemos uma alta capacidade técnica e as mudanças de padrão monetário, se aumentaram o trabalho em quantidade, permitiram uma enorme evolução tecnológica, em durabilidade e segurança.
Agora, mais de 300 anos depois de termos criado a Casa da Moeda e quase meio século depois de termos nos tonado autônomos na produção de dinheiro, o Governo Temer anuncia a privatização da Casa da Moeda do Brasil e de toda a sua fabricação a grupos privados. Do dinheiro e todos os impressos de segurança que ali se fazem, como os passaportes.
Os americanos, que não são bestas, têm, desde a Guerra Civil, o seu “The Engraving and Printing Bureau of the Treasury Department”, bem estatalzinho e controlado.
Aqui, Moreira Franco, este varão de Plutarco da honradez, comunicou hoje que, por uns trocados, o Governo entregará a fabricação da moeda nacional a quem deseje comprar as “guitarras”, como eram chamadas as máquinas de fazer dinheiro.
Antonio Carlos Magalhães, conhecedor do assunto, diz que FHC dizia que Moreira Franco não podia ficar onde houvesse um cofre. Que diria dele, então, sobre se metê-lo junto com máquinas de fazer dinheiro?
Tijolaço
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