Numa eleição em que as dúvidas sobre o resultado são, essencialmente, se Lula conseguirá – sem poder falar ou aparecer na TV – transferir seus votos para Fernando Haddad, nada é mais importante, claro, que verificar o que acontece nas faixas de menor renda e escolaridade, não apenas por integrarem a maioria do eleitorado, mas por serem aquelas em que, em tese, a desinformação é maior.
Então, o que acontece com Fernando Haddad, aquele que, por indicação de Lula, é o representante do ex-presidente na urna (algo que, aliás, só será formalizado hoje)?
Selecionei, dos gráficos publicados pelo G1 com o detalhamento da pesquisa Datafolha divulgada ontem à noite, os dados relativos a estes segmentos e mais os do Nordeste, porque a região, notoriamente, é o grande celeiro de votos lulistas e, portanto, onde a questão da transferência de votos é mais dramática e evidentemente necessária.
Os números estão aí em cima e só não convencem os muito céticos.
Conferi na amostra da pesquisa anterior do Datafolha e os eleitores com renda até 2 salários mínimos são 46% do total. Entre eles, em 19 dias, Haddad mais que triplicou as intenções de voto: de 3% para 10%. Na faixa logo acima, de mais de dois até 5 SM, que soma outros 36% do eleitorado, o candidato de Lula dobra o número de indicações.
Entre os eleitores com ensino fundamental apenas, Haddad quadruplica as manifestações de voto.
E no Nordeste lulista, quase as triplica.
Considere que só a partir de hoje poderá ser falada a frase correta: “o candidato do Lula é Haddad”.
Ainda que seu crescimento não fosse se acelerar com isso, o ritmo da transferência de votos que se verificou nestes dias, mesmo com as imensas restrições que lhe impuseram Luiz Roberto Barroso & Cia e o impacto do crime de Juiz de Fora, só isso o levaria a liderar em três dos quatro segmentos selecionados e a se posicionar em 2° lugar entre a classe média-baixa, que é o eufemismo usado para chamar as pessoas com renda de até cerca de R$ 4.500 mensais.
Este é o retrato das eleições e o desenho nítido de que está se se formando uma onda, que vem lá do fundo, das entranhas de nosso povão.
Madalena França via Tijolaço
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