Em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira (2) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) merece um julgamento justo no âmbito da Operação Lava Jato. Lula foi preso em 2018 no caso do tríplex de Guarujá (SP), mas está em liberdade desde 2019, quando o STF proibiu a prisão em segunda instância.
“Nós temos que encerrar essa preocupação midiática de julgar o Lula tendo em vista esse desiderato: fazê-lo inelegível. Eu sempre digo: Lula é digno de um julgamento justo”, declarou Mendes em entrevista para o Canal do Datena.
A opinião de Gilmar Mendes se assemelha com a do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que classificou a Lava Jato como uma quadrilha. O líder de Bolsonaro disse ainda que a prisão de Lula para tirá-lo da eleição de 2018.
Hoje, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou um recurso da defesa de Lula contra a condenação do petista na Lava Jato, mas isso não significa que o ex-presidente será preso —com a proibição da prisão em segunda instância, o STF retornou ao entendimento de que um réu só pode cumprir pena depois que esgotar os recursos na Justiça. Desta forma, o caso de Lula ainda precisa ser julgado pelo STF para que se encerrem todas as possibilidades de recurso.
O ministro Mendes também comentou sobre as mensagens trocados pelo juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato em Curitiba.
“Os diálogos não são de anjo. O Moro assume uma posição de chefe do grupo de força-tarefa e o [procurador] Deltan Dallagnol faz consultas de como deve proceder, manda informações e combina ações”, condenou o ministro. “As forças-tarefas que vierem a se estruturar não poderão usar esse modelo de cooperação, essa relação promíscua entre procuradores e juízes”.
Ontem, uma série de mensagens entre Moro e procuradores da Lava Jato foram reveladas após decisão do ministro do STF Ricardo Lewandowski de levantar o sigilo de um documento com 50 páginas de conversa. As mensagens dizem respeito ao processo pelo qual o ex-presidente Lula foi condenado e preso em 2018.
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