Por Deborah Hana Cardoso / Correio Braziliense – Apesar do senso comum de que o eleitorado evangélico vota igual e estaria fechado com o presidente Jair Bolsonaro (PL), o pastor Paulo Marcelo Schallenberger sustenta que nas igrejas há mais diversidade, incluindo aqueles dispostos a votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Schallenberger é um dos simpatizantes de Lula e foi escolhido pelo petista para fazer a ponte entre ele e os evangélicos, de olho nas eleições de outubro.
Em entrevista, o líder da Assembleia de Deus do Ministério do Belém, denominação pentecostal, explicou que a escolha de um lado político dentro da igreja, de uma maneira tão polarizada, é uma novidade destes tempos. “O povo da igreja nunca foi manipulado da forma que foi. Antes, era apenas orientado à urna”, disse. De acordo com Schallenberger, antes, os pastores ensinavam que a política “era do diabo” e, por isso, os fiéis não se envolviam.
Durante a eleição de 2014, porém, o voto evangélico quase levou Marina Silva ao segundo turno e, então, a chave virou. “Se antes política era do diabo, agora é: ‘Se não tivermos um representante, nós seremos governados pelo diabo’. A igreja começou a querer esse poder para si e, daí, nasceu o bolsonarismo”, argumentou.
Discurso de ódio
Para o pastor, desmistificar e retirar a influência de Bolsonaro das igrejas é uma luta contra o discurso de ódio. Nessa missão, segundo ele, está Lula, que caminha para o centro e, lá, estão os eleitores com uma Bíblia.
Nesse centro delicado aparece, também, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, considerado por Schallenberger uma peça importante nesse xadrez do voto da fé. O ex-tucano é cotado para ser vice na chapa de Lula. “Como cristão, Alckmin é muito importante, e mais: eu sou de São Paulo, e ele, além de ter sido governador por quatro mandatos, tem uma abertura com as igrejas evangélicas incrível”, frisou. “Inclusive, se encontrou com o bispo Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus do Ministério de Madureira, há poucos dias. Ele está se alinhando para conversar com as lideranças evangélicas do estado de São Paulo”, acrescentou.
Conforme o pastor, ser evangélico nunca foi perseguir pessoas que pensam ou vivem de forma diferente daquilo que é pregado. “A igreja era perseguida e, agora, persegue. Tornou-se massa de manobra e uma milícia digital”, criticou.
A afirmação aponta a influência de grupos de WhatsApp e Telegram dentro dessas instituições, onde os fiéis se informam e interagem. “Se o homem de Deus (pastores, bispos, cooperadores) estão dizendo para mim que aquilo não é bom, eu não buscarei informação. Se vem no WhatsApp do meu grupo da igreja, por que pegar um livro ou acessar o Google? Para que ler um jornal?”, enfatizou.
Podcast
Em breve, o PT lançará um podcast que contará com Schallenberger como porta-voz da comunidade pentecostal, além do secretário de comunicação da sigla, Jilmar Tatto; e do ex-prefeito de Carapicuíba (SP) Sérgio Ribeiro, também pastor e antropólogo. O intuito é levar a legenda ao centro, o que casa com a união de Lula com Alckmin. “Não sabemos qual será o efeito. Não vamos fugir de pautas. Quer conversar sobre o aborto? Vamos sentar e conversar”, disse Schallenberger. ( Do blog de Dimas santos)
Postado por Madalena França.
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