Candidato a governador Danilo Cabral concede entrevista ao jornalista Magno Martins e diz que se Orgulha de onde está e com quem caminha...
Há mais de dois anos, o PSB, primeiro pelo ex-prefeito do Recife, Geraldo Júlio, depois pelo governador Paulo Câmara, não dá entrevista a este blog. Ontem, o pré-candidato da Frente Popular ao Governo do Estado, Danilo Cabral, fez diferente. Aceitou meu convite e, numa entrevista à Rede Nordeste de Rádio e ao blog, enfrentou vários questionamentos.
A partir, vale a ressalva, das dificuldades de decolar nas pesquisas, que muitos atribuem ao desgaste do Governo do Estado. Danilo, entretanto, não enxerga assim. Acha que não subiu ainda nas pesquisas porque o eleitor está muito distante do processo eleitoral. Em determinado momento da entrevista, afirma que Paulo Câmara não tem desgaste, andará com ele na campanha e que se orgulha da sua companhia.
"Paulo Câmara orgulha Pernambuco e a mim. O que houve, na verdade, é que Paulo governou Pernambuco, e continua governando, no pior momento da história do Brasil. O governador pegou a crise hídrica, pandemia, crise econômica, social, pegou dois governos federais – o de Temer e o de Bolsonaro - que fizeram de Pernambuco o inimigo. E mesmo diante desse quadro, Pernambuco está de pé", afirmou. Confira a íntegra da entrevista que irá ao ar no Frente a Frente às 18 horas.
Que dificuldades o senhor julga por ordem de grandeza que impedem sua reação nas pesquisas de intenção de voto para governador?
Não há dificuldade alguma, até porque a população ainda não está com a cabeça na eleição. Para ser mais preciso, as pesquisas apontam que 80% da população brasileira ainda não está preocupada com a eleição. A preocupação de todos, no momento, é garantir um prato de comida, pagar a conta de luz, comprar remédio, procurar um emprego. Tem um processo pela frente.
Que processo é esse?
Essa questão de pesquisa, a gente já viu esse filme na eleição de Eduardo Campos. Eduardo partiu lá atrás e ganhou em 2006. Foi assim também quando Paulo Câmara se elegeu. Ele partiu quase do nada e ganhou logo no primeiro turno. Foi assim, igualmente, com Geraldo Júlio para prefeito do Recife e, recentemente, com João Campos.
Em política, a história se repete?
Eu tenho um nível de desconhecimento maior do que os outros candidatos, alguns já disputaram cargos majoritários e eu nunca disputei. Minha experiência em disputas eleitorais só se deu até então na eleição proporcional. Então, ao longo da campanha, não tenho a menor dúvida, na medida em que ficarei conhecido, com as pessoas conhecendo a minha história, o que pratiquei na vida pública como deputado por três mandatos, servidor público e apresentando o time que a gente representa, que é de Lula e Eduardo, a história vai se repetir, vou ganhar a eleição e vai acontecer o que aconteceu nas eleições anteriores em Pernambuco e no Recife.
O senhor foi o primeiro candidato a ser confirmado, já andou muito pelo Estado, ao lado do governador Paulo Câmara, inclusive inaugurando obras e anunciando projetos. Também já apareceu ao lado de Lula e nas pesquisas não consegue passar dos 5%. Isso pode ser reflexo do desgaste do Governo Paulo Câmara?
De forma alguma. Eu fui um dos últimos candidatos a se colocar na disputa para o Governo do Estado. Os demais já estão colocados há muito tempo. Todas as candidaturas de oposição já vinham fazendo campanha. O fato novo da eleição é o lançamento da minha candidatura. Mas como eu disse, a população ainda não entrou na eleição. No decorrer do processo, o time que a gente vai colocar, da Frente Popular de Pernambuco, vai mostrar o que a gente fez por Pernambuco.
O que esse time fez?
Fez na educação, Pernambuco, hoje, é referência no Brasil, com merenda, farda, kit escolar, escola integral. São ações objetivas que mudaram a vida das pessoas. É isso que a gente vai debater. Vamos debater o reencontro de Pernambuco com o Brasil, para que possamos ter os mesmos avanços do tempo de Lula e Eduardo. A gente vai ter, com Lula presidente e Danilo governador, o reencontro de Pernambuco com o Brasil. Pernambuco tem sofrido, e o governador Paulo Câmara tem sofrido muito com a retaliação do governo federal. Retalia, discrimina, deixa de enviar recursos. Mas essa página será virada.
O senhor tem dado muita importância a Lula e a Eduardo Campos. Acha que eles são bons cabos eleitorais a ponto de reverter as pesquisas e fazê-lo governador?
É o time que a gente caminha. É o time que representa o presidente Lula no Estado de Pernambuco. A aprovação que esse time tem é por conta do conjunto de transformações que fez na vida do povo brasileiro e pernambucano. Mas além disso, eu quero apresentar minha história. Eu tenho 35 anos dedicados à vida pública, fui diretor do Tribunal de Contas, da Secretaria da Fazenda, vereador do Recife, deputado federal por três mandatos, líder do PSB na Câmara, ou seja, tenho experiência administrativa, aliando tudo isso à capacidade de fazer a boa política.
Quando tudo isso entrar na cabeça do eleitor, o senhor muda o jogo então?
Com certeza, as pessoas vão entender, por exemplo, que nesse pós-pandemia a gente não pode fazer uma aventura. E por isso, eu coloco minha história. É isso que a gente vai apresentar ao longo da campanha. Não tenho dúvida, que lá na frente, a população vai escolher o nosso projeto.
O que o senhor vai apresentar de diferente em relação a Paulo Câmara, um dos seus cabos eleitorais e aliado bastante rejeitado pela população?
Primeiro, vou fazer aquilo que nós aprendemos a fazer com Arraes e Eduardo: o planejamento que vai ser construído com o povo pernambucano. Nós estamos, inclusive, hoje, apresentando nosso conteúdo de governo preliminar, para que a gente possa percorrer o Pernambuco. Amanhã (sexta-feira), vamos lançar o "Vamos Juntos, Pernambuco".
O que é isso?
Uma agenda de discussão sobre o Estado e seus problemas para que a gente possa escutar a população. Precisamos saber o que as pessoas esperam. Vamos disponibilizar uma plataforma digital, para que as pessoas possam contribuir de forma rápida. Temos nossas preocupações para levar o Estado a avançar, sobretudo nesse momento de incertezas. A gente quer discutir interiorização.
Como se daria essa interiorização?
Apresentei uma proposta de duplicação da BR-232, de São Caetano, onde foi feita, até Serra Talhada. Isso é muito importante para garantir o desenvolvimento do interior. Eu também quero discutir a pauta da educação, massificar a educação profissional no interior do Estado. Quero discutir a questão da água, barragens, armazenamento. Precisamos melhorar isso na casa das pessoas, com melhor distribuição do líquido. E eu quero assumir essa responsabilidade.
As pessoas vão entender sendo o senhor um candidato da chamada continuidade de governo?
Sem dúvida, quero fazer um debate sobre Pernambuco, o que será melhor para o Estado. Na campanha, não vou partir para agressão, insulto ou questões pessoais. A gente precisa avançar ainda mais e vamos ter um ambiente muito propício para isso. O Governo Paulo Câmara deixou as coisas equilibradas, investiu R$ 5 bilhões, através do Plano Retomada. Do ponto de vista fiscal, o Estado está equilibrado. Além disso, vamos ter uma parceria com o presidente Lula, para gerar receitas. A fábrica da Fiat é um exemplo disso. Houve criação de empregos ali por conta da parceria entre Lula e Eduardo. Esse alinhamento é fundamental. A gente vai voltar a criar oportunidades de emprego.
O senhor diz que vai resolver todos esses problemas, mas o seu partido está no poder há 16 anos sem operar essas mudanças. Dá para acreditar?
Eu não sei a base que você está usando. Vou lhe dar dados objetivos. A educação em Pernambuco em 2007, quando começou o Governo Eduardo, era o 21º indicador do IDEB do Brasil. Hoje, Pernambuco é referência nacional de qualidade de ensino. O MEC diz que, no Ensino Médio, Pernambuco é o melhor do Brasil. Tem várias ações que foram feitas. O que nós queremos agora é avançar mais.
O senhor admite que há um forte desgaste no Governo Paulo Câmara?
O que houve, na verdade, é que o governador Paulo Câmara governou Pernambuco, e continua governando, no pior momento da história do Brasil. O governador pegou a crise hídrica, pandemia, crise econômica, social, pegou dois governos federais - o de Temer e o de Bolsonaro - que fizeram de Pernambuco o inimigo. E mesmo diante desse quadro, Pernambuco está de pé.
De pé, mas sem grandes investimentos...
Há muita coisa sendo feita. O Governo está investindo R$ 5 bilhões no Plano Retomada, investimento em estradas sendo recuperadas. Na região do Pajeú, e no Sertão em geral, tem investimento na educação e abastecimento de água. Tudo isso com recursos do próprio Estado. O governador está deixando o Estado numa boa condição, graças à sua capacidade de gestão. Na pandemia, Pernambuco foi o Estado que teve o segundo melhor resultado do Brasil, o maior investimento per capita na saúde do Nordeste. O Estado, portanto, está pronto para dar um salto de qualidade.
Então, o senhor vai se apresentar na campanha como um aliado fervoroso de Paulo Câmara...
Eu sou, como sempre fui, um aliado da Frente Popular de Pernambuco. Eu estou no mesmo lado, não mudei. Sou filiado há 32 anos ao PSB. É o lado que nós vamos continuar.
Paulo Câmara é orgulho de Pernambuco?
Paulo Câmara é orgulho, porque tem um grande trabalho no sentido de garantir atenção à saúde, principalmente no momento da pandemia. Depois, equilibrou as finanças do Estado permitindo a execução de um plano de retomada de obras.
Onde o senhor vai buscar R$ 5 bilhões para a duplicação da BR-232? As pessoas não levaram muito a sério a proposta.
Quando faço uma proposta, apresento com responsabilidade. Quem conhece minha forma de agir, valoriza muito a minha palavra. Estou estudando aquilo que apresento. A BR-232 tem, de São Caetano até chegar a Serra Talhada e depois Salgueiro, 360 km. O custo médio do km duplicado é R$ 10 milhões. Em tese, seriam R$ 3,5 bilhões. Se a gente tem a parceria com o presidente Lula, considerando que é uma rodovia federal, para cada real que o governo federal colocar, o estadual também coloca. Essa conta vai ficar em torno de R$ 1,7 bilhão. A gente tem saldo para financiar essa obra. Há uma necessidade objetiva de melhorar o tráfego de pessoas e escoamento da produção. A gente tem em Serra Talhada um polo de educação, serviço médico. É importante integrar até Serra e depois Salgueiro. Eu sonho com um Pernambuco mais integrado. Quem nasce em Serra Talhada é tão cidadão quanto quem nasce em Recife. Essas oportunidades precisam chegar de forma igual para todos. É uma questão central de desenvolvimento.
Em relação à questão da água, como propor um pacto quando se tem a pior estatal de distribuição de água do País, que é a Compesa?
Eu não sei de onde você tirou essa avaliação. A Compesa tem serviços prestados à população e vem fazendo grandes investimentos. Eu vou fazer na água o que fizemos na educação. Pernambuco era 21º em educação e eu coloquei em primeiro quando secretário de Educação. Precisamos criar metas e responsabilidades. A Compesa faz obras estruturantes. São obras de barragens, de adutoras, sistemas interligados. A água está chegando nas cidades e vai chegar ainda mais. Inclusive com a transposição. O que nós precisamos é melhorar a distribuição. Vamos criar um Pacto como fiz com a educação. Vamos ter melhoria na qualidade na água e redução das perdas do sistema. Hoje, Pernambuco tem 50% de perda do sistema. E quem vai tomar conta disso será eu, o governador de Pernambuco, Danilo Cabral, responsável pela condução da política da água.
Quando sai o vice na sua chapa?
Do Blog do Magno
Postado por Madalena França
Estamos discutindo e nos prazos dentro da lei vamos apresentar.
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