MARÇO 17, 2015 DIMAS SANTOS
Construída em uma área de preservação ambiental em Ubatuba, litoral Norte de São Paulo, a mansão que pertenceu ao estilista Clodovil Hernandes foi colocada à venda.
Clodovil, que também foi deputado federal, morreu há exatos seis anos e deixou dívidas. O dinheiro levantado com a venda do imóvel poderia pagar parte destes débitos, de acordo com a representante legal do estilista, Maria Hebe Pereira de Queiroz.
Capela da mansão era um dos locais prediletos do estilista (Foto: Carlos Santos/ G1)
No entanto, a mansão – que já foi avaliada em R$ 1,6 milhão quando ainda estava em boas condições – tem sinais de abandono. A Justiça determinou a demolição do imóvel, mas a advogada defende que a casa seja mantida de pé para evitar danos ambientais ao local. O valor da venda ainda não foi definido.
A casa está em um terreno de três mil metros quadrados e já teve praticamente todos os pertences leiloados.
Mansão de Clodovil vai à venda no litoral 6 anos após morte do estilista (Foto: Carlos Santos/ G1)
No local, visitado pelo G1, restaram apenas um ou outro eletrodoméstico velho, frascos de cremes e xampus utilizados por Clodovil, e uma pintura pequena com o retrato da mãe do estilista. Além da vegetação nativa da região, o imóvel também é cercado por plantas escolhidas a dedo por Clodovil.
São cerca de 20 cômodos com características que remetem ao estilo excêntrico do estilista.
Continua…
Areia refinada
Logo na entrada da parte principal da casa, há uma varanda coberta de areia refinada a pedido de Clodovil. “Ele pedia para pegar a areia e queimar com maçarico e depois peneirar. Era para ficar mais limpa, mais macia. Ele não gostava de ir à praia, mas ficava bastante nesse espaço”, afirma o caseiro do local, Antônio Nascimento, de 52 anos.
Quartos de hóspedes da mansão sofrem com o abandono. (Foto: Daniel Corrá/ G1)
Na área também há uma suíte grande com sacada e vista para o mar, que pertencia a Clodovil. O cômodo tem um pequeno banheiro com um toque inusitado: uma saída secreta para uma espécie de sótão do lado de fora da casa e que leva à mata.
Antes de chegar ao aposento que era do estilista, ainda há um closet do tamanho de um quarto e repleto de armários. Do lado de fora, há uma piscina, que quase nunca era usada por Clodovil, e uma capela – esta sim, um dos locais prediletos do estilista.
Antônio trabalha no imóvel há cerca de 15 anos e vive em um dos cômodos do lado de fora da mansão, com a esposa e dois filhos. Do ex-chefe, ele lembra principalmente do jeito polêmico de ser.
Casa do estilista tem diversos pontos com vista para o mar. (Foto: Daniel Corrá/ G1)
“O que ele tinha que falar, ele falava na cara. Ele ficava em cima da gente, falando até como a gente tinha que cuidar das plantas, mas era uma pessoa muito boa”, afirma Antônio, que teme pela demolição da casa. “Prefiro que alguém compre e cuide da casa”.
Para a advogada de Clodovil em vida, Maria Hebe Pereira de Queiroz, a venda do imóvel é uma alternativa não só para manter as memórias, mas também para destinar recursos para o pagamento de despesas e dívidas do estilista.
“Para terminar o inventário, precisa resolver o problema da casa de Ubatuba. As propostas serão encaminhadas para o juízo do inventário e serão avaliadas pelo juiz”, diz Maria Hebe.
Área onde ficava um salão de festas, que foi demolido, também sofre com o abandono.
(Foto: Daniel Corrá/ G1)
Demolição
Todas as memórias que remetem ao estilista no local, porém, podem estar com os dias contados. O imóvel recebeu determinação de demolição pela Justiça, com base em uma ação do Ministério Público, por estar em uma área de proteção ambiental.
“Acho uma temeridade fazer essa demolição, porque a casa fica na mata fechada e o acesso é muito difícil. Quero eximir minha responsabilidade de um novo crime ambiental”, diz Maria Hebe.
Segundo a advogada, somente a demolição do imóvel custaria cerca de R$ 350 mil. Uma petição foi encaminhada no início do mês à Justiça pedindo isenção de quaisquer possíveis novos prejuízos ambientais com a derrubada.
“A vida dele era aquela casa e ele só parou de ir para lá quando começou a ficar doente. Acho uma maldade demolir aquilo, mas decisão da Justiça a gente não questiona”, afirmou a advogada. (G1)
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