Grupo cobrou entrega de três medicamentos para hipertensão pulmonar.
Segundo eles, Iloprost, Bosentana e Ambrisentana estão em falta há 9 meses.
Pacientes mostram a ordem judicial para a entrega das drogas (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)
Com a frase “Não temas, mas fale e não te cales” estampada numa camiseta verde esperança, Andreia Moura, 41 anos, tem problemas no pulmão e está sem receber três medicamentos para controlar a hipertensão pulmonar há nove meses. Ela e mais seis pessoas estiveram, nesta sexta-feira (2), na frente da Farmácia do Estado, no bairro da Boa Vista, na área central do Recife, reivindicando as drogas que garantem uma sobrevida para os pacientes. Sem Iloprost, Bosentana e Ambrisentana, até um simples banho parece uma missão quase impossível para eles.O marido de Andreia, Flávio Roberto Leal, disse que não sabia nem como a mulher estava ali, em pé, gritando pelos seus direitos. “Ela teve dois infartos na semana passada”. Ele ainda contou que a solução que os eles encontram para o longo período sem o tratamento foi pedir doações para famílias de pacientes que vieram a óbito. “O mais triste é essas pessoas estão pedindo algo a que têm direito e necessidade urgente”, completa.
Com 31 anos, Poliana Oliveira precisou pedir a aposentadoria, devido aos problemas pulmonares. Indignada com toda a situação, ela detalhou como é a vida sem os medicamentos. “Essa medicação ajuda a gente a ter um pouquinho de qualidade vida, porque sem eles não conseguimos fazer nada. Até tomar um banho é horrível. Ficamos muito cansados”.
Poliana conta que sem os medicamentos até
tomar um banho é exaustivo
(Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)
Segundo Poliana, a lista de pessoas que aguardam a medicação é grande, mas o avançado estado debilitado impede que elas consigam sair de casa. “Você não consegue fazer nada, desmaia, tem ataques cardíacos."tomar um banho é exaustivo
(Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)
De acordo com ela, essa é a segunda vez que os doentes sofrem com a falta de medicamentos só neste ano.
“Ficamos sem o Sildenafila de janeiro a junho. Ela é a primeira droga que você toma quando descobre a sua condição. Como o preço é mais em conta até dá para comprar e, por isso, não sentimos tanto, mas agora...”, relembra, sem finalizar a frase.
A policial militar Tatiana dos Santos não sabe mais o que fazer com a mãe que já está no grau 4 do problema pulmonar. “Uma caixa com 42 ampolas de Iloprost custa R$ 40 mil. Minha mãe precisa de 180 ampolas por mês, porque ela teria que nebulizar com ele quatro vezes ao dia. Por causa da falta na Farmácia do Estado, tive que reduzir para duas vezes, uma pela manhã e uma à noite. É o que nos resta”, menciona a filha de Laudenice dos Santos, 54 anos, que agora, sem a medicação, carrega um cilindro de oxigênio dentro de casa.
O que sobra aos pacientes é a ajuda mútua, além de padecer e se identificar com a dor alheia e tão familiar. “Poliana conseguiu duas caixas de Bosentana vencidas. Perguntei para o médico e como tinha vencido há pouco tempo ele recomendou dar. Mesmo vencido é melhor que não ter. Outra dia dividi uma caixa com Poliana. É assim que a gente vai vivendo. Fazer o que?”, lamenta.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que licitação do Bosentana de 125 mg foi concluída. Agora, ele está em fase de aquisição. Porém, sem previsão de começar o fornecimento na farmácia. Já o de 62,5 mg tem previsão de entrega para a próxima semana.
Quanto ao Iloprost, por falta de fornecedor quando foi aberta licitação, a pasta alega que está realizando uma dispensa de licitação para realizar a compra. Também sem previsão para chegar à farmácia.
A secretaria ainda disse que já foi feita a aquisição da Ambrisentana de 0,5 mg e a entrega ocorrerá semana que vem. Entretanto, a pasta garante que há a de 10 mg na farmácia.
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